Maria Helena Ventura Oliveira (*)
Aprendemos na escola que a Independência do Brasil é um dos fatos mais importantes de nosso País, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política.
Para chegar ao famoso grito de "Independência ou Morte", D. Pedro foi elaborando toda uma estratégia chegando mesmo a determinar que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem a sua aprovação. Na impetuosidade de sua mocidade, conclamou mesmo o povo a lutar pela sua independência.
A história nos conta que estando D. Pedro viajando de Santos a São Paulo recebeu a notícia, registrada em carta, de que Portugal teria anulado a Assembleia Constituinte e ordenado o seu retorno imediato a Portugal. Com certeza, como dizia minha avó, "o sangue ferveu" e ali mesmo, próximo ao Riacho Ipiranga, num gesto simbólico, levantou a espada e gritou "Independência ou morte". Essa data - éramos obrigados a decorar - 7 de setembro de 1822; mas só em 12 de outubro de 1822 D. Pedro foi aclamado Imperador do Brasil, no Rio de Janeiro. Portugal, entretanto, só reconheceu a Independência do Brasil em agosto de 1825.
E hoje, como está o Brasil diante de sua Independência? Não muito diferente dos demais países que salpicam a terra. A insânia dos ódios rompeu as barreiras contenedoras do amor e as nuvens da dor anunciam pesadas chuvas de lágrimas e sangue sobre a terra. Violentas ondas de choque atingem, por isso, indiscriminadamente, pessoas, governos e nações, em todos os quadrantes, agravando inseguranças e aflições, discórdias e flagelos.
Devemos considerar, portanto, que a luta pela emancipação definitiva de nossa Pátria querida não terminou com o Grito do Ipiranga, nem com a abolição da escravatura, nem com a proclamação da República porque uma substancial parcela viva de nossa comunidade ainda vive em dolorosas condições de subcultura e pauperismo, enquanto milhões de nossas crianças e de nossos jovens perambulam sem lar, sem escola e sem pão.
A independência política pressupõe maturidade social para a autodeterminação dos povos, que, subjugados e dominados por outros durante certo tempo, sentem-se dotados de energias para viver em obediência a novas regras de conduta. É então quando eles lutam por conseguir alijar de si a carga de dependências e constrangimentos que lhes foram impostos pela força. Tenha-se em mente que vivemos uma hora de enfermidades graves em toda a Terra, na qual, o vírus da descrença gera as doenças do sofrimento individual e coletivo, chamando o homem a novas reflexões.
Quer-nos parecer, em consequência do exposto, que sem independência moral o espírito humano não terá a condição essencial para comportar-se como ser livre - mas interdependente, fraternal e responsável.
Diz-nos o grande "médico dos pobres", Dr. Bezerra de Menezes, que o Brasil deve prosseguir na sua missão histórica de "Pátria do Evangelho" colocada no "Coração do Mundo". Assim, jamais deveremos esquecer da atualidade dos ensinamentos de Jesus confiando na excelsitude de Sua mensagem, trabalhando e servindo, para apressar a Era Melhor que já se avizinha.
(*) Maria Helena Ventura Oliveira é membro da Academia Imperatrizense de Letras, Cadeira 24.
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