“O povo, bestificado, assistiu à Proclamação da República”. Hoje bestificados estamos nós diante de tanta corrupção e de tantos crimes de toda ordem, jamais vistos em nossa história republicana.
Dentre os militares existe o dogma de que “O exemplo vem de cima”. O que dizer dos governantes e políticos envolvidos em sucessivos escândalos cada vez mais escabrosos? A corrupção atingiu um nível inimaginável onde o superfaturamento chegou a cifras superiores a 100%, em determinados casos, para bancarem a distribuição de propinas. Este ambiente podre contamina a sociedade e muitos também se acham no direito de levar vantagens ilícitas.
A impunidade se alimenta de um Código Penal ultrapassado, da protelação no julgamento de processos, cada vez mais volumosos, e dos artifícios para burlar a legislação.
O caos econômico – sem perspectivas de solução a médio prazo – gera enorme insegurança que abala o moral nacional e ocasiona o desemprego generalizado. As organizações criminosas procuram recrutar esta mão de obra ociosa para aumentar seus efetivos.
A falta de controle e de orientação da natalidade agrava a situação e já somos bem mais do que 200 milhões à procura de assistência. E o Governo, preocupado com votos e manutenção do Poder, concede benesses que estimulam nascimentos em vez de contê-los.
A incrível BOLSA CÁRCERE motiva o criminoso a agredir a população que o sustenta na cadeia. Para ele, é um excelente desemprego com casa, comida e salário.
O jogo do bicho, os bingos e os cassinos clandestinos são bem aceitos também pela marginalidade. Por que o Governo não os regulariza? Além de milhares de empregos, propiciaria uma arrecadação bem superior à CPMF e arcada por quem hoje, em grande parte, deixa seu dinheiro em Las Vegas, Punta del’Este e tantos outros locais atrativos frequentados por quem pode pagá-los.
Os criminosos, apoiados em seus locais de homizio, conhecem as fragilidades das organizações policiais que não têm o devido apoio das autoridades. Seus efetivos são insuficientes, mal remunerados, carecem de boa formação, mal equipados, desmotivados, sem liderança atuante e sem o necessário respaldo jurídico para cumprimento de suas árduas missões.
E os bandidos? Cada vez mais numerosos, organizados, audaciosos e bem armados, valendo-se, também, das vulnerabilidades de controle nas fronteiras.
Nossos presídios só servem para especializar delinquentes. Quando soltos, são cooptados – em grande parte – para mobiliar facções criminosas e agravar os problemas de segurança, levando a população ao pânico.
Alunos desrespeitam e agridem professores, pais e filhos não se entendem e, às vezes, são cometidos crimes bárbaros. Os pedófilos têm livre trânsito na internet. Os bullyings e os trotes desmoralizantes não são coibidos. As autoridades não se impõem e não mais são respeitadas. A Família e a Escola perderam o seu relevante papel de outrora.
Tudo isto cria um ambiente propício ao aumento da criminalidade no País.
Apesar das manchetes da mídia estarem voltadas para a calamidade política e econômica, há necessidade de um esforço conjunto para mudar o status quo da nossa generalizada insegurança. As raízes do crime devem ser extirpadas e esta deve ser a Diretriz dos governantes, de todos os níveis.
Pouco falta para sermos reféns de bandidos no interior de nossos lares. Chegaremos à anomia?
Precisamos de lideranças com vontade política para virar o jogo.
DIÓGENES Dantas Filho é Coronel R1 do Exército Brasileiro, Ex-Comandante do 50º Batalhão de Infantaria de Selva (50º BIS), Doutor em Planejamento e Estudos Militares e Consultor de segurança.
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