Hemerson Pinto
Sempre à espera do que possa acontecer nas horas seguintes. Assim vivem os moradores da zona ribeirinha e pessoas que trabalham no Porto da Balsa ou nas embarcações que navegam rio acima rio abaixo diariamente ou fazendo a travessia Imperatriz/Bela Vista.
Basta o rio subir os primeiros metros do total prometido diante do aumento das vazões das hidrelétricas de Lajeado e Estreito e esperado pela Defesa Civil, os improvisos à beira do rio já são notados.
Os proprietários de embarcações começam a mudar o lugar de atracar os barcos porque onde costumam deixar a água já não permite. “Eu deixo amarrado na barraquinha onde os passageiros esperavam a balsa até a água tomar de conta. Eu nem uso a âncora porque não vai ter onde ela segurar embaixo da água. Eu faço é amarrar no caibro do telhado e assim não tem como a água carregar”, disse o barqueiro Miguel Ramiro, do município de Itaguatins-TO, que sempre navega o rio até Imperatriz para fazer compras.
Ao contrário do que se pensa, para ele a navegação com o rio cheio é considerada mais tranquila. “É muito mais difícil bater em pedra, pau ou qualquer coisa porque tudo a água encobre ou o que for de arrastar ela arrasta. A gente precisa se preocupar com pedaços de madeira soltos na água, mas dá pra ver de longe, aí é só desviar”, diz se preparando para o retorno, que dura cerca de 1h40 min.
“Eu vou mais devagar. A água, com a correnteza forte, não quer deixar a rabeta subir o rio. Se a gente forçar, é arriscado tombar. Então, tem que ser atento para não tombar”, diz revelando as artimanhas da navegação para este período.
Os taxistas do Porto da Balsa também costumam improvisar a cada metro que a água sobe na direção do ponto. “A gente vai prestando atenção e trazendo os carros mais para trás um pouquinho. Se o rio encher mesmo, a gente se muda lá para o Cais, para onde os barcos passam a atracar para descida e subida de passageiros”, explica o taxista Antônio.
A estratégia do vendedor de milho José Edmilson é observar a aproximação do rio no ponto comercial alugado para a venda de milho e outros produtos. “Se apertar mais um pouco, a gente tira a mercadoria e vai levando para a parte mais alta da rua até a água parar de subir”, revela, como outros comerciantes. Alguns possuem pontos alugados em sobradinhos na Rua Luís Domingues para escaparem das enchentes.
O rio cheio faz os comandantes de navegação das balsas ficarem mais atentos e saberem o lugar certo para atracar a grande embarcação que nos últimos dias invade os primeiros metros da Rua Luís Domingues para descer a rampa por onde entram e saem passageiros e veículos.
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