O cantor e compositor Gui Lopes

Rio de Janeiro - Em setembro passado, o jovem cantor e compositor Gui Lopes, de 23 anos, viu cair em seu colo uma oportunidade que todo músico que tem os Beatles como referência gostaria de ter.

— Eu estava tocando meu repertório mais popular (que vai de Caetano Veloso a Netinho) no quiosque Praia Lanches, em Copacabana, quando veio a vontade de cantar “Let it bleed”, dos Rolling Stones. Foi aí que um casal de senhores se interessou e a mulher me pediu para tocar duas músicas dos Beatles. Fiz “Let it be” e “Hey Jude” e, no dia seguinte, o cara anotou meu e-mail. Era uma espécie de teste — conta.
O cara era Bill Heckle, proprietário do lendário Cavern Club, casa de shows de Liverpool onde Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr iniciaram suas carreiras. Por e-mail veio o convite para participar da International Beatleweek, festival que acontece entre os dias 24 e 31 de julho, na cidade onde tudo começou. Cerca de 70 artistas de 20 países estarão no evento, que contará com shows no próprio Cavern Club e em outros locais, como a Liverpool Central Library e o bar e restaurante Alma de Cuba. Gui fará dez apresentações por lá.
Do Maranhão para o Rio

Nascido em Imperatriz e morando no Rio desde 2012, o músico se prepara para lançar, no fim do ano, seu terceiro disco autoral, batizado de “Se eu contar o que eu vi” — “um disco denso de hardcore meio progressivo”, que conta com produção de Luã Mattar, filho de Elba Ramalho. Enquanto isso, Gui Lopes tenta vender 2 mil unidades de uma coletânea de seus trabalhos anteriores pelo projeto “Ponte Liverpool”. A intenção é viabilizar a ida do baixista Tarcísio Schellin e do percussionista Berbel, que costumam tocar com ele em bares e restaurantes cariocas, para a Beatleweek.
— O festival arca com a hospedagem e os custos em Liverpool, mas o transporte fica por conta do artista. Deve dar uns R$ 6 mil por pessoa — explica Gui, antes de adiantar o repertório que pretende levar para o festival. — Dei uma pesquisada, e muitos dos que participam do evento fazem cover mesmo, imitando até o visual. Minha intenção é levar músicas que duvido que os outros vão tocar. Trocar “Help” por “A day in the life”, por exemplo. Meu perfil vocal bate mais com as músicas do John, então é nisso que eu vou focar. (Reportagem de LUCCAS OLIVEIRA – O Globo)