O trabalho cuja publicação hoje iniciamos, em capítulos é uma cuidadosa compilação de fatos históricos e dados estatísticos por nossos colaboradores Luís Henrique Veras e Dorian Riker.

Pelo cuidado da elaboração e fartura de elementos alusivos a tudo que diz respeito a nossa terra, trata-se evidentemente de um trabalho de fôlego merecedor da atenção de todos, especialmente de nossos colegiais e de tantos quantos se dediquem ao conhecimento mais profundo de Imperatriz. Eis o trabalho:

I

Localização

Situado à margem direita do Rio Tocantins e servido pela estrada Belém-Brasília, que passa por sua séde e percorre cêrca de 200 km em seu território.

As coordenadas de sua sede são: Latitude Sul — 5º31’32" Longitude W.Gr.: 47º26’35". Posição relativamente à Capital do Estado rumo O.S.O. distância-480 quilômetros (em linha reta), limita-se com os municípios de Montes Altos, João Lisboa, Amarante do Maranhão, Santa Luzia, Carutapera e Monção; e também, com os estados do Pará e Goiás. Pertence à zona do Tocantins e é banhada pelo rio do mesmo nome.

Altitude

95 metros na sede municipal, acima do nível do mar.

Clima

O clima de Imperatriz é tropical; quente e seco no verão e quente e úmido no inverno. Há duas estações: inverno ou estação das chuvas e verão ou estação das secas. Sua temperatura média oscila entre 30 a 32º, sendo a mínima já registrada na sede, de 23,9º e a máxima de 38º.

Área

13.352 km2, sendo o 3º município do Estado em extensão territorial.

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A fim de se ter uma idéia geral da explosão populacional financeira, econômica e social deste grande município, que ainda ribomba nas quebradas das barrancas do Tocantins, atingindo seu eco todo o território nacional, dividiremos sua história em duas fases distintas: a primeira antes da Belém-Brasília; e a segunda ou atual, após o advento da Belém-Brasília. Referimo-nos à primeira fase apenas como menção meramente explanatória, da criação e existência deste rincão brasileiro.

Primeira Fase Histórico

Em 1850 havia dúvida e litígio a respeito das províncias do Pará e Maranhão e inteiramente desconhecida era a zona em que os limites interprovinciais deviam ser traçados.

O Presidente do Pará, conselheiro Francisco Coelho, baseando-se em precedentes, mandou, em 1851, edificar uma via “EM TERRITÓRIO DO PARÁ”, próximo de onde tives-—se limite com o Maranhão, encarregando-se dessa missão, o Reverendíssimo Frei Manoel Procópio do Coração de Maria, natural da Bahia. No desempenho de sua missão subiu o Tocantins até a disjunção do Araguaia, onde continuou pelo braço oriental até que se lhe deparou um campinho de forma oval, encimado num cômoro de areia de formação aluvial, alteado entre o rio e charnecas rodeadas de buritiranas, espécie de palmeira pequena e espinhenta que, no Pará é chamada Caranan (hoje Praia do Cacau).

Fascinado com o achado do campo, Frei Manoel Procópio não procurou examinar as condições de salubridade do território, o que lhe teria feito renunciar ao descoberto, de vez que o mesmo era constituído de terreno falso, carecendo da explicação de como foi feito aquela “aberta”.

Em 1852 Frei Manoel Procópio fundou a povoação de Santa Tereza de Imperatriz, na Província do Pará, cujas despesas foram pagas pelo Tesouro da mesma.

Nesse mesmo ano foi votada e anunciada a Lei nº 639, de 12 de junho de 1852, a qual determinava o limite do Pará e Maranhão pelo Rio Gurupi, transferindo para a cabeceira deste o ponto da partida da linha este-oeste até o Tocantins.

Em 1854-1855 foi evidenciada que a povoação fundada pelo Frei Manoel Procópio pertencia ao Maranhão, cujo govêrno àquela época, pensava também, em fundar uma vila nas imediações da fronteira do Pará e, em conhecimento da topografia estava menos adiantado do que a Província vizinha.

Frei Manoel Procópio conformou-se com a passagem da jurisdição e soube tirar proveito. Para tanto, empregou todo o seu valimento e toda a sua astúcia no empenho de ser a povoação de Santa Tereza de Imperatriz a séde do município de Porto Franco. Astuto e hábil, ele conseguiu, por intermédio de um deputado provincial, que na redação definitiva da Lei provincial nº 389, de 27 de agosto de 1856, que elevou a povoação de Porto Franco à categoria de vila, ficasse denominada de “Vila de Santa Tereza de Pôrto Franco”. Favorecido pela ambigüidade desta Lei e pondo em ação a influência religiosa, obteve do Presidente da Província a declaração oficial de ser a povoação de Santa Tereza situada fora do território povoado, a sede do município de Porto Franco. Para isso obter, apresentou atestado dizendo que a povoação de Santa Tereza era defronte de Boa Vista (hoje Tocantinópolis-GO), o que não era real.

Inicialmente, a vila de Santa Tereza de Imperatriz foi uma única rua de 84 casas, parte coberta de telhas, edificadas ao longo do rio, terminado em uma praça ou largo, num quadrilátero em que foi construída a igreja-matriz, (hoje Casa de Saúde São Vicente de Ferrer).

Transitavam pelo porto de Imperatriz, em busca de eldorado do Tocai-una (castanha preta), emigrantes de tôdas as partes do Brasil, especialmente da Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí e do próprio Estado do Maranhão, naquela época província.

Os impostos produziam espantosamente e a renda municipal colhida pelo intendente Fortunato Bandeira, ascendia ao maravilhoso.

Imperatriz passou a comarca pela Lei provincial de 26 de 1872. Da comarca de Imperatriz, o segundo Juiz de Direito foi Emiliano Rodrigues.

De lá até nossos dias, seu progresso, embora lento, veio ascendendo, apesar de ficar mui distante da Capital do Estado.

Em 1955 perdeu parte do seu território, para, com êle, ser constituído o município de Montes Altos, que foi criado pela Lei nº 1354 de 8 de setembro, e cuja instalação se deu 22 de dezembro do mesmo ano.

Segunda Fase ou atual

Com o advento da estrada Belém-Brasília (BR-14) em 1960, Imperatriz foi invadida por miríades de emigrantes egressos de todas as regiões do país, mormentes dos Estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, do próprio Estado, tornando sua vida até então pacata, apática e ociosa num burburinho ininterrupto de progresso em todas as dimensões.

Houve portanto, radical mudança na vida econômica, financeira e social, num índice de crescimento populacional assustador, cujos aspectos atuais indicaremos a seguir, nos tópicos próprios.

População

Cerca de 80.000 habitantes em todo o município, com 7.041 residências; e 45 na zona rural, com 8.451 habitantes.

Atividades Econômicas

Sobressai na agricultura a predominância da produção de arroz, calculando-se que em 1969 alcançou mais de 1.000.000 de sacos de 60 quilos. Cultiva-se, também milho, farinha de mandioca, feijão e cana-de-açúcar.

A criação de gado vem se desenvolvendo animadoramente, tendo como aspectos favoráveis, o grande número de córregos riachos e lagoas, bem como a estrada Belém-Brasília que aproxima os centros consumidores. Ressente-se contudo, pela falta de providências do Govêrno Estadual quanto à titulação das terras, - definitiva ou provisoriamente. Tal calamidade, além de outros desestímulos impede as entidades financiadoras de conceder maior incentivo às explorações agropastoris, pela carência de segurança em suas aplicações. No período de 7 a 15 de junho do ano passado foi realizada a I Exposição-Feira Agropecuária de Imperatriz, negociando aproximadamente 7.500 cabeças de gado. A II Exposição será levada a feito este ano, de 31 de maio a 7 de junho próximos. Contudo nossos rebanhos estão estimados no que segue:

Bovino: 25.259 cabeças. — Suínos: 16.211 cabeças. — Equínos: 4.385 cabeças. — Asininos: 800 cabeças. — Muares: 610 cabeças. — Ovinos: 1.640 cabeças. — Aves: 34.140 bicos. Produção de leite: 885.000 litros. — Ovos: 58.700 dúzias.

(Continua no próximo número)