Illya Nathasje
No último dia 16, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de quatro novas universidades federais - a do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a do Sul da Bahia (Ufesba), a do Oeste da Bahia (Ufoba) e a da Região do Cariri (UFRC), no Ceará.
Para o governo, a previsão é que elas iniciem suas atividades até 2014. Mais de R$ 600 milhões serão investidos na implantação das instalações. “(…) Com a ampliação de vagas gratuitas na rede federal e com o atendimento a regiões em que havia vazio de oferta, vamos ampliar o acesso à educação e estimular o desenvolvimento regional", discursou Dilma, durante cerimônia no Palácio do Planalto. "A distribuição dessas novas unidades será um poderoso instrumento de redução das desigualdades", acrescentou.
Por sua vez o ministro Fernando Hadad afirmou que “o objetivo da interiorização das federais é fazer com que o jovem estudante permaneça na sua região, com acesso à educação pública de qualidade, sem precisar se deslocar para grandes centros. E concluiu: "Queremos promover a formação de profissionais qualificados e potencializar a função social e engajamento dos institutos e universidades como expressão das políticas do governo na superação da miséria".
Em um só parágrafo, a presidente falou em “acesso à educação”, em “estimular o desenvolvimento regional", em “redução das desigualdades". Parecia falar para Imperatriz. Percebe-se que ela não falou de Imperatriz porque antes, ela disse: “Com a ampliação de vagas gratuitas na rede federal e com o atendimento a regiões em que havia vazio de oferta (...)”. Imperatriz não possui vazio de oferta, então. Está desculpada! Lapso de sua assessoria que desconhece Imperatriz.
Percebeu (o vazio da oferta) apenas na Bahia, onde vai se instalar a Unifesba em Itabuna (perto dali, distante 11 quilômetros, na estrada para Ilhéus, existe há décadas a Universidade de Santa Cruz, universidade pública com 28 cursos de bacharelado - inclusive Medicina e Medicina Veterinária, Engenharia Civil, de Produção, Elétrica, Mecânica, Química – e 11 de licenciatura); em Barreiras, cujo campus da Universidade Federal da Bahia (oferta 6 cursos), onde será criada a Ufoba; no Ceará, a partir do Campus existente no Cariri – Barbalha e Juazeiro do Norte – 10 cursos, entre eles Medicina e Engenharia Civil e Engenharia de Materiais, será instalada a UFRC e em Marabá, onde o campus da Universidade Federal do Pará oferta 16 cursos (1 deles, com bacharelado e licenciatura; dos outros, 6 de bacharelado e 9 de licenciatura, será criada a Unifesspa.
Todas essas cidades, assim como Imperatriz, se potencializam como polo regional. Das quatro, duas (Ilhéus, 184.236 hab e Barreiras 137.427 hab) são menores que Imperatriz. Suas áreas de influência, populacionalmente, também. As outras, Juazeiro do Norte e Marabá, podemos dizer, populacionalmente iguais, suas áreas de influência, porém, são menores.
Com tantos observações, observe ainda, leitor, que as Universidades a serem criadas, serão oriundas de Campus já existentes. O que denota uma tendência. Então a pergunta: Por que não está incluido o campus da UFMA em Imperatriz, que é uma cidade exuberante?
O Poder Judiciário tem aqui 18 unidades judiciárias. Tem Ministério Público. Tem Defensoria Pública. A Justiça do Trabalho tem 3 varas e tem Ministério Público do Trabalho. Tem Associação Comercial e Industrial que inclusive acaba de completar 50 anos. Seccionais da OAB, AMB e de todas as outras profissões. Tem Procuradoria Geral da República, Delegacia Regional da Receita Federal e Delegacia Regional da Polícia Federal e em seus quadros, entre delegados, dois nasceram nas terras de Imperatriz e uma aqui cresceu. Tem um prefeito que se preocupa com ela 24 horas e até um ouvidor além de uma Câmara de Vereadores com 13 membros. Tem representante na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Tem Academia de Letras. Em resumo, Imperatriz tem tudo. Pela existência dos entes aqui citados tem a infra-estrutura necessária para a construção do tecido social e da cidadania.
Sem menosprezo ao Campus da UFMA, onde inclusive, uma filha conclui o curso de Direito e de onde tem saído bons profissionais, uma delas, por sinal, a primeira mulher imperatrizense a assumir como juíza em nossa cidade. Porém Campus é Campus e Universidade é Universidade. Para resumir em dois itens, significa autonomia e pesquisa, junte-se a esses, a oferta pronunciada pela presidente Dilma, acesso à educação-estímulo ao desenvolvimento regional e redução das desigualdades. Nada disso nos interessa?
Por que então, passados 15 dias do anúncio da presidenta, nenhuma voz se levantou ou se apercebeu da necessidade de termos uma Universidade? Certamente, como acontece agora em Itabuna, Barreiras, no Cariri e em Marabá, daqui há alguns anos, o nosso Campus deverá se transformar em Universidade. Mas por que só daqui a alguns anos? Isso, não contando com as vozes, e sim, com a consequência. Afirmamos lá atrás que Imperatriz tem as condições (por suas instituições) de tecido social para a construção da cidadania. Temos. É um presente, não usufruímos, enquanto o futuro não chega.
Até lá, como Imperatriz tem de tudo e tem tudo, inclusive pais que podem pagar para suas filhas e filhos irem estudar nas faculdades particulares de Goiânia, Araguaína, Porto Nacional, Gurupi, Brasília e até Minas Gerais, além de São Luís e Belém, seguiremos nosso destino. Sem falar nos que estudam na Bolívia e na Argentina. Se continuarmos assim, um dia haveremos de nos orgulhamos, de termos os filhos imperatrizenses, estudando na Universidade Federal ... em Marabá.
Será um passo e tanto …
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