Em parceria com o Centro de Referência Nacional em Hanseníase da Universidade Federal de Uberlândia, o projeto de Redução e Controle da Hanseníase, implantado em Imperatriz há três anos, alcança resultados positivos com a redução em 60% nos casos da doença no município.
Na última quarta-feira (31 de julho), representantes do Ministério da Saúde (MS) apresentaram a avaliação dos resultados obtidos e das ações realizadas pelo município. Na apresentação dos números ao prefeito Sebastião Madeira e à secretária de Saúde, Conceição Madeira, Isabel Goulart, coordenadora nacional do programa, destacou que Imperatriz reduziu em mais de 60% o índice de casos de hanseníase no município. E em função do trabalho realizado e do apoio que recebeu e continua recebendo da gestão municipal, a cidade será a primeira do Brasil a receber os kits para fazer o teste rápido de detecção da hanseníase.
Ontem pela manhã (01), Isabel Goulart e Marco Collovati, presidente da OrangeLife, estiveram no Centro de Referência em Dermatologia Sanitária e Hanseníase do município, onde realizaram a capacitação para a prática dos testes que diagnosticam a hanseníase em 10 minutos. Os mesmos serão feitos com equipamentos de última geração - o smartreader, com software desenvolvido especialmente para facilitar interpretação dos resultados e para armazenar os dados, possibilitando um melhor controle por parte da gestão municipal e do Ministério da Saúde.
Na íntegra a entrevista com Isabel Goulart, gestora do projeto e coordenadora do Centro de Referência Nacional em Hanseníase da Universidade Federal de Uberlândia:
Dra. Isabel, no que consiste o projeto?
Nosso projeto era fazer a vigilância da infecção e o mapeamento dos casos de hanseníase em Imperatriz e tratar os contatos com medicação profilática, ou seja, antes de adoecer. Nós fizemos, nós coletamos a sorologia, identificamos bastante contato que eram soro positivo e tratamos os contatos domiciliares com o que a gente chama de profilaxia.
Como a gestão municipal, a Secretaria Municipal de Saúde apoiou este projeto? Qual foi o suporte fornecido pela Prefeitura de Imperatriz para colocar em funcionamento as ações preconizadas?
Quando chegamos com esta proposta, o prefeito abraçou. Entendo que não tinha como fazer este projeto se não melhorasse a qualidade da assistência. Daí, então, ele providenciou o aluguel de uma nova casa para ser um Centro de Referência Humanizado em Dermatologia Sanitária e Hanseníase. Contratou pessoal pra poder fazer a equipe multiprofissional de atenção integral à hanseníase, incluindo fisioterapeuta, assistente social e médico. E aqui não tinha sala de curativo, e a partir de então nós passamos a ter esta sala, passamos a ter este atendimento integral e fazer este trabalho de contatos que é o mais importante, porque é um dos maiores riscos de adoecer.
Como você avalia a receptividade e o apoio da prefeitura?
Sem o apoio de gestão municipal não tem condições de funcionar. Em nenhum outro município o projeto foi pra frente sem o apoio. Nós tivemos o apoio realmente da gestão municipal de Imperatriz, que foi fundamental para que o projeto desse certo. Não tem como você entrar no município se não tiver o apoio da gestão, nenhum projeto vai pra frente, pode ser a melhor ideia possível.
Suas considerações finais a respeito do desenvolvimento em geral das ações e do projeto?
Esse declínio que vem sendo mostrado desde 2008 é exatamente resultado do apoio da gestão. Nos municípios em que não tivemos apoio da gestão nós não tivemos uma melhoria dos indicadores, dos números de casos. E por isso, Imperatriz vai ser o primeiro município a receber os kits para realização dos testes. Eu priorizei aqui porque é onde nós estamos recebendo todo o apoio necessário por parte da gestão municipal.
Eu sou coordenadora de um Centro de Referência Nacional em Hanseníase da Universidade Federal de Uberlândia, vim aplicar este projeto no Maranhão porque eu tinha muita vontade de trabalhar aqui no Estado. Então, fizemos em Imperatriz, Açailândia e em São Luís.
Mas foi aqui em Imperatriz que tivemos o maior apoio, obtendo grandes resultados, diminuindo a detecção geral de casos em 58% e cerca de 68 % em menor de 15 anos; mostrando que a equipe está compromissada e que este investimento que a prefeitura fez valeu a pena. Eles estão vendo os resultados disso, diferentemente de todo o Brasil. Nacionalmente, a diminuição na detecção de casos gerais foi de 16% e 18% para os casos de detecção em menores de 15 anos, enquanto que Imperatriz obteve este maravilhoso resultado.
Durante a entrevista, a coordenadora da Vigilância em Saúde do Município, Wilderlânya Aguiar, também participou e falou da satisfação em poder trabalhar com o projeto e obter tais resultados.
Fomos escolhidos aqui no Maranhão para participar deste projeto de redução e controle da hanseníase. E nestes três anos de campanha trabalhamos incansavelmente para melhorar a qualidade de assistência e de vida da população. Estamos recebendo agora o Ministério da Saúde para dar continuidade à campanha e ao projeto. E ficamos muito felizes em saber que Imperatriz foi contemplada a dar continuidade devido ter sido o município do Brasil que mais reduziu o número de casos de hanseníase.
E, com isso, nós vamos inovar. Imperatriz é a primeira cidade do Brasil a implantar o teste rápido para hanseníase. O paciente antes esperava de 20 a 30 dias para receber o diagnóstico, e a partir de agora ele já vai poder sair com o resultado no mesmo instante e já passa a tomar a medicação. O que vai favorecer, porque tomando a medicação, faz o bloqueio dos contatos e já evita que essa enfermidade se multiplique.
A avaliação foi positiva. Nós conseguimos uma redução de 68% no número de casos. Por isso que o Ministério veio parabenizar o prefeito e a secretária de Saúde, justamente pela redução de mais de 50%. É gratificante para a gente receber isso, é uma honra ser o primeiro município a implantar um teste rápido para hanseníase. (Maria Almeida - ASCOM)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14769
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