Elson Araújo
Especial para O PROGRESSO
Fundada como se fosse em terras paraenses no primeiro quartel do século XIX pelo missionário Manoel Procópio do Coração de Maria, a trajetória de Imperatriz começou no dia 16 de Julho de 1825, data apontada pelos historiadores do desembarque da missão do Frei carmelita nas barrancas do Rio Tocantins depois de dias de navegação sob a proteção de Santa Teresa d’Ávila, que veio a se tornar a padroeira da “nova terra”.
A pequena povoação cresceu, se transformou em vila, passou pelos decantados ciclos do arroz, da madeira e do ouro, da Serra Pelada, recebeu gente de todos os cantos do Brasil e do Mundo e se transformou, 165 anos depois, na Imperatriz de hoje; a primeira cidade mais importante do Maranhão depois da capital. Continua sendo um grande centro de prestação de serviço, distribuidor atacadista e se consolida como polos educacional e industrial.
Certo é que não há como não dizer que Deus foi generoso demais com a cidade. Tal generosidade pode ser constatada pela graça de ser fundada às margens do segundo maior rio genuinamente brasileiro, uma benção para os primeiros moradores que tiravam dele seu sustento, sem falar nos quase dez afluentes do Tocantins que cortam a cidade. Uma benção hídrica que pelo que se constata não foi respeitada. Hoje dois dos riachos que cortam a cidade estão praticamente mortos e o restante transformados em canais de esgoto, no mesmo rumo. O rio sofre diariamente com a derrama de esgoto sem tratamento, o desmatamento das suas margens e com crescentes secas e outras agressões ambientais. O Tocantins resiste, mas não se sabe até quando. Um desafio para as futuras gerações barrar essas ocorrências.
Ambientalmente falando, Imperatriz foi fundada numa região, onde além de um rio e de vários riachos, tem sol e chuva o ano inteiro, e para variar num dos períodos mais bonitos do ano nesse lado do País.
O período do aniversário de fundação coincide com o aparecimento nas margens do Rio Tocantins de inúmeras praias, cada uma mais bonita do que a outra, com a chegada da florada dos ipês e dos ventos gerais que ameniza o forte calor.
Emoldurado pelo azul do “céu de brigadeiro”, o pôr sol ganha um aspecto multicolorido diferenciado por conta do Rio Tocantins. Quem para um pouquinho para presenciar este fenômeno a partir das margens do rio não esquece jamais e imediatamente sentencia: “Deus existe, e mora aqui”. Uma ambientação que faz com que ninguém se lembre que oficialmente é inverno no País
Não há qualquer dúvida que Imperatriz aniversaria no período mais bonito do ano no lado de cá do Maranhão, principalmente porque é temperado com o clima humano gerado pela Exposição Agropecuária, uma das maiores do Norte/Nordeste e das outras festas regionais que por tabela influenciam a vida da cidade.
É possível hoje afirmar que todo esse conjunto humano/ambiental faz do povo de Imperatriz, e consequentemente da região tocantina, o mais bonito e alegre do Maranhão, e talvez o que menos reclama da vida. Essa característica se consolidou ao longo desses 165 anos de fundação. Para quem mora por essas bandas do Maranhão, por já se tratar de algo incorporado ao dia-a-dia, talvez nem se aperceba dessa e de outras peculiaridades da nossa terra.
O maior patrimônio da região é a nossa gente, mas vale a pena falar, cantar, escrever sobre as nossas festas e as nossas belezas naturais. Não temos o mar, mas na região {outra benção divina} temos rios, lagos, lagoas, cachoeiras, morros, colinas e montanhas um pôr do sol e uma lua lindos de viver. Imperatriz pode se orgulhar de se localizar numa região do Brasil por abrigar pelo menos três dos nove biomas brasileiros. Por aqui são visíveis o Cerrado, Floresta Amazônica, Matas de Cocais e até mesmo um resquício da Caatinga considerado um bioma único do Brasil.
Jeito próprio de falar - Nesses 165 anos até um jeito próprio de falar o imperatrizense desenvolveu. Um bom observador logo constata que os filhos daqui há muito naturalmente foram deixando de lado a herança linguística dos pioneiros. “O legítimo filho da terra” da atualidade já não carrega mais a bagagem fonética dos paraenses, capixabas, paulistas, mineiros baianos , piauienses, pernambucanos e nem mesmo dos maranhense da ilha, povos que ajudaram a transformar nossa cidade no que ela é hoje. O genuíno imperatrizense em qualquer lugar do mundo já consegue identificar um “irmão de solo” só no jeito de falar. Pouca gente se apercebe que já apreendemos um certo “imperatrizencês”, algo ainda a ser pesquisado com maior acuidade pelos entendidos no assunto.
Diante do que se tornou nossa cidade ao longo desses anos, vale a pena até plagiar o saudoso pernambucano Reginaldo Rossi, ao cantar Recife, sua terra natal.
O povo daqui gosta de cantar
Tem religião, gosta de rezar
Tem cristianismo, tem candomblé
Tem muita cachaça e muita mulher.
O povo daqui tem sempre razão:
Tem mulher bonita de montão, as mais bonitas do Maranhão
Tinha Nenem Bragança, o papa festivais, mas continua o parceiro Zeca Tocantins, faceiro sem rivais.
E a cavalgada, o Corpus Christi, a Marcha para Jesus e exposição então? Uma grande confraternização.
E na Praça da Cultura tem o carnaval de marchinhas
É o melhor do mundo
É sensacional
Imperatriz tem encantos mil
É... É um pedacinho do Brasil.
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