Hemerson Pinto
Sanfona e zabumba, teatro e dança. A alegria de dezenas de pessoas idosas tomou conta da Praça de Fátima na manhã do último sábado e atraiu quem passava nas proximidades, como a recepcionista Cláudia Aguiar. Ela resolveu estacionar a motocicleta apenas para observar de perto o que considerou exemplo de vida e superação.
“São pessoas com idades avançadas e nem por isso se reservam em casa, vendo o tempo passar e perdendo o melhor da vida que é exatamente a busca pela alegria. Quando bati os olhos no velhinho que tocava a sanfona, lembrei logo do meu avô, que já faleceu. Vi as senhoras dançando e não resisti. Fiquei pensando: serei assim quando estiver de idade?”, declara a jovem de 23 anos, que ainda deixou cair algumas gotas de lágrimas enquanto assistia às apresentações.
Os participantes do movimento lembravam durante o evento o Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso, 15 de junho. “São várias entidades reunidas em função da proteção e da denúncia contra a violência praticada contra a pessoa idosa. Estamos divulgando todas as ações voltadas para o idoso em Imperatriz. São muitas as denúncias de abandono, maus tratos e isso não pode acontecer com essas pessoas que já cuidaram dos filhos e deram sua contribuição para a sociedade. Todos temos o objetivo de proteger o idoso”, explica a secretária de Desenvolvimento Social do Município de Imperatriz, Miriam Reis.
Para a aposentada Maria do Carmo, a participação no momento de descontração é motivo de felicidade. “Fico muito feliz em participar e quero dizer às pessoas para não maltratar os idosos, cuidem direitinho, somos pessoas que já ensinamos e cuidamos muito”, orienta.
Para dançar quadrilha junina, o aposentado José de Ribamar saiu cedo do Parque Alvorada. “Arrumei uma cabaça, daquelas que a gente usava pra levar pra roça, botei o chapéu de palha e saí ligeiro pra cá. Eu que não ia perder um forrozinho aqui na nossa quadrilha”, um dos momentos mais aplaudidos durante o evento.
‘Drama’ – Com 33 anos de casados, Maria do Perpétuo Socorro Milhomem e Silva (fez questão de informar o nome completo), 61 anos, e José Alcides e Silva agitaram durante a interpretação da música ‘Não se vá’, da dupla Jane e Herondy, casal que fez sucesso entre as décadas de 1970 e 1980, gravando mais de 50 discos e ganhando dezenas de prêmios.
Maria e Alcides cantaram e interpretaram a dupla, explicando em seguida que a letra, que trata de despedida, foi escolhida apenas para a participação no evento. “Mas não tem nada a ver com nossa história, em nossas vidas, juntos, tem prevalecido o amor”, diz Alcides. O casal é membro do Fórum Permanente do Idoso de Imperatriz, do qual Maria é tesoureira.
Da Secretaria da Mulher, Conceição Formiga reforçou o objetivo do movimento. “É um grito de alerta, um grito popular pelo combate contra os maus tratos com os idosos de Imperatriz. Temos muitas denúncias, infelizmente”, alerta.
Violência – É considerada violência contra idosos: abuso ou violência física, abuso ou violência psicológica, abuso ou violência sexual, abandono, negligência e abusos financeiros. Denúncias sobre qualquer um desses casos podem ser feitas a qualquer entidade envolvida com a causa, através do Disque 100, ou à polícia.
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