Senador Roberto Rocha
Semana passada fiz um alerta sobre a situação crítica em que se encontra o rio Tocantins, com risco de provocar falta d’água na região metropolitana de Imperatriz. Indiquei a necessidade de haver, no mínimo, um plano de mobilização social, a exemplo do que fez o governo de São Paulo, quando atravessou a mais grave crise hídrica de sua história.
Ninguém pense, no entanto, que me dedico apenas a criticar, sem buscar soluções, ainda que essa não seja minha responsabilidade direta, no âmbito do poder legislativo, a quem não cabe executar obras ou projetos.
No entanto, minha inquietação com o estado das coisas do Maranhão me impele a agir, buscando não apenas mobilizar consciências para a gravidade de problemas que desafiam toda e qualquer pessoa que tenha responsabilidades públicas.
Tão logo assumi o mandato estabeleci como uma das prioridades tomar medidas para enfrentar o colapso dos nossos cursos d’água. Não sabia a extensão real do problema, até que, por meio das redes sociais, criei uma campanha para envolver a população que mora às margens dos rios, cuja memória afetiva pudesse atuar como catalizadora para revelar os pontos mais críticos de degradação ambiental.
A resposta foi surpreendente. Recebemos centenas de fotografias que deram origem a um relatório fotográfico que transformei em documento para atestar a dimensão da crise. Levei esse relatório a ministros e até ao presidente da República. Daí surgiu a necessidade de fazer algo maior, com a participação de técnicos e especialistas. Criamos o projeto SOS Águas do Maranhão, que amadureceu a ideia de realizarmos seminários regionais, discutindo o problema no local, em cada bacia hidrográfica.
Cinco seminários já foram realizados, em São Luís, Pedreiras, Caxias, Grajaú e Balsas, e a sexta edição acontecerá em Imperatriz, no dia 11 de novembro. Até então, não havíamos trazido para a região tocantina pelo fato de Imperatriz estar fora da área de abrangência da Codevasf, uma parceira estratégica para a realização do evento. Essa situação foi revertida com a aprovação de projeto de lei de minha autoria que ampliou a atuação da Companhia para todas as bacias hidrográficas do Maranhão, inclusive, é claro, a do Tocantins. Um exemplo de conjunção virtuosa entre ação legislativa e executiva.
A presença da Codevasf permite que muitas das ideias discutidas nos seminários, muitas delas antigas demandas da população, possam integrar o radar das políticas do Governo Federal, contribuindo com planos e trabalhos técnicos. Por exemplo, em relação ao rio Itapecuru, já existem convênios assinados entre a Codevasf e a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), que totalizam R$ 5 milhões, para a elaboração do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Itapecuru e para a construção de uma Estação de Monitoramento de Águas. Há outros estudos em desenvolvimento, para a construção de diques e barragens, em áreas vitais para grandes aglomerados populacionais. Toda a região da baixada maranhense mudará sua dinâmica econômica com a implantação do projeto Diques da Baixada. Esses são apenas alguns exemplos.
Também conseguimos junto ao Governo Federal a destinação de 15 milhões em equipamentos, como dragas e escavadeiras hidráulicas para o desassoreamento dos rios. Isso tudo já é realidade e passará também a ser para Imperatriz, tão logo o projeto seja sancionado pelo presidente, o que acontecerá nos próximos dias.
O caminho é esse. Primeiro colocar a inteligência técnica dos melhores profissionais do país para elaborar um diagnóstico científico. A partir desse quadro montar um plano de ação voltado para o aumento da disponibilidade de recursos hídricos, com foco na preservação e recuperação ambiental de nascentes e das áreas de recarga hídrica.
Muitas outras ações já estão em curso, mas os limites de um artigo não me permitem listar em detalhes. O importante é saber que o rio Tocantins será o tema e o alvo do seminário, para o qual estão convidadas todas as pessoas, entidades e organizações da cidade. Das ideias para a ação, o caminho nunca é reto. Há obstáculos financeiros, interdições burocráticas, reações políticas, pra dizer o mínimo. Mas, como diz o poeta, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
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