Início de março de 1994. Estávamos às vésperas da visita de Lula e sua Caravana da Cidadania, em Açailândia. Eu e Raimundo Rodrigues (PT) e Antonio Almir (PCdoB), Raimundo Nonato Frasão (PSB) corríamos contra o tempo organizando a recepção à caravana.
Convidávamos uns e outros e sempre ouvíamos a mesma galhofa... logo eu? Receber aquele sapo barbudo? Menino, tenho mais o que fazer. Na liderança desse “enorme” grupo, não vi outra saída: buscar os ex-sem-terras que acabaram de assentar no Assentamento Califórnia, 50º BIS e outros, para que não passássemos vergonha quando a caravana chegasse.
Enfim, consegui transportar de caminhão o máximo desses trabalhadores para a estação ferroviária de Açailândia. Lula desembarcou na companhia de dona Marisa Letícia. Ela vestida como uma trabalhadora comum. Bermuda até aos joelhos; blusa simples e uma pochete na cintura que me chamou atenção.
Recebemos com alegria a caravana e ela me chamou a atenção pela sua simplicidade, assim como o próprio Lula e o senador Eduardo Suplicy. O gerente da siderúrgica que escolhemos para levar Lula não queria recebê-lo, era Rubens Parra. O então prefeito Ildemar Gonçalves não o recebeu. Mandou o vice-prefeito Walter Maxwell (PSB), que o recebeu na Câmara Municipal, em nome do povo de Açailândia.
Andamos pela roça comunitária. Lula discursou na Câmara, sendo aplaudidíssimo por todos nós, trabalhadores urbanos e rurais. Depois, seguiu com sua caravana, deixando em mim um sentimento de ter convivido naquelas poucas horas com um casal que tinha um bom propósito para o Brasil, como de fato teve.

- Domingos Cezar, ex-secretário municipal do PT e ex-presidente do Comitê Municipal do PCdoB, ambos em Açailândia