O ambientalista Domingos Cezar fala...
... para uma plateia atenta ao tema proposto

Convidado pela coordenação da VII Semana de Geografia: Os Impactos dos novos capitais na região Sul Maranhense, o jornalista e ambientalista Domingos Cezar participou como palestrante da mesa redonda ocorrida na noite de quinta-feira (3) discorrendo sobre o sugestivo e preocupante tema “A construção de hidrelétricas no rio Tocantins e seus impactos ambientais”.
A VII Semana de Geografia, promovida pelos acadêmicos de Geografia, aconteceu no auditório do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz, da Universidade Estadual do Maranhão (CESI/UEMA), no período de 30 de abril a 4 de maio. O evento, que contou com a efetiva participação de alunos do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) foi encerrado pelo diretor da UEMA, Expedito Barroso.
O tema “Planejamento territorial nas hidrelétricas do rio Tocantins” teve ainda como palestrante o professor Carlos Leen Santiago e como mediador o professor José Cláudio Monteiro Macena. Temas como “Os impactos dos novos capitais”, “Gestão Ambiental”, “A produção do espaço nas cidades da Amazônia Oriental”, “Novo Código Florestal” e “Ensino, Pesquisa e Extensão na Universidade” também foram amplamente debatidos.
Domingos Cezar explicou que, no seu ponto de vista, a única usina hidrelétrica – embora sem um bom planejamento – de extrema necessidade em face ao déficit de energia na região foi a UHE Tucuruí. “Muito embora esta UHE seja a segunda maior do Brasil, suas eclusas só foram construídas 25 anos depois, o que ocasionou um colapso no sistema de hidrovia no Baixo Tocantins”.
O ambientalista afirmou que o país perdeu milhões de dólares em não aproveitar para sua comercialização infinita quantidade de árvores nobres que poderiam ser aproveitadas pelas indústrias madeireiras. “Toda essa riqueza sucumbiu junto com a cidade de Jacundá e seu distrito Jatobal nas profundezas das águas, no enorme reservatório do lago de Tucuruí”, afirmou Cezar.
Domingos Cezar criticou mais uma vez a hidrelétrica de Estreito a qual, para ele, foi construída sobre pressão política ignorando o laudo inicial do Ibama, que reprovava o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) apresentado pela empresa. “Com a pressão de influentes políticos, o EIA/Rima foi aprovado na segunda apresentação e o resultado é esse que conhecemos”.
Entre as mazelas que vão desde a inundação de propriedades rurais, a ilha de São José, considerada a maior do rio Tocantins, a sítios arqueológicos, o ambientalista citou a matança de cerca de 35 toneladas de peixe, mortos por ocasião do funcionamento da primeira turbina da usina. “O evento se constituiu no maior desastre ambiental ocorrido em toda a história do rio Tocantins”, frisou Cezar.
“Como se não bastasse, o governo federal projeta, por intermédio do Ministério das Minas e Energia, a construção da usina hidrelétrica de Serra Quebrada, a menos de 100 quilômetros de Estreito e a 15 de distância de Imperatriz”, lembra Cezar, acrescentando que a implantação desse projeto viria causar enorme impacto ambiental e prejuízos para moradores de Imperatriz, Governador Edison Lobão, Ribamar Fiquene, Campestre, além de São Miguel e Itaguatins, no estado do Tocantins.
O ambientalista frisou que a UHE Marabá só ainda não foi construída porque as águas atingirão parte da ferrovia de Carajás, o que contraria interesses financeiros da toda poderosa Vale S/A. Domingos Cezar, que é diretor-conselheiro da Fundação Rio Tocantins e conselheiro municipal e estadual de Meio Ambiente, conclui afirmando que a redenção da economia da região se dará com a implantação do projeto de hidrovia da bacia Araguaia/Tocantins. (Assessoria)