Doutor Pedro Júlio Gonçalves (*)

Doença tão antiga quanto a humanidade. Também conhecida como LEPRA, Doença de São Lázaro.
É uma doença infecto contagiosa, que afeta a pele e os nervos periféricos (nunca foi descrita no cérebro e medula espinhal), transmitida do homem para o homem, através da fala, espirros e tosse, onde o homem doente sem tratamento elimina o Bacilo de Hansen (Micobacterium Leprae). O paciente que já recebe tratamento não mais transmite a doença. A doença não é transmitida em contato com as lesões. O período de incubação varia de 2 a 5 anos em média, neste período não existe nenhum teste para detectar os bacilos. Este período de incubação depende da defesa natural de cada pessoa e da população de bacilos. A resistência está ligada ao nosso padrão de vida: IDH (índice de Desenvolvimento Humano).
Uma vez decorrido o período de incubação, aparece os sinais e sintomas: MANCHAS BRANCAS (Hipocrômicas) ou MANCHAS AVERMELHADAS, sempre dormentes (alteração de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa), dor nos nervos, dor articular, nódulos, infiltração orelhas-face-pele, “ferviação” na pele, “formigamento”, ressecamento de pele, que não transpira, perde de força muscular e bloqueio de movimento. Lembrando que, nem toda mancha é hanseníase, e, tem casos que não tem lesão de pele, apenas área dormente no tegumento. Dependendo da idade, precisa -se ficar atento com DIABETES, HÉRNIA DE DISCO e OSTEOFITOSE NA COLUNA (Bico de Papagaio).
O diagnóstico é simples: precisa reconhecer os sinais e sintomas e testar a sensibilidade da lesão com algodão (tátil), tubo de ensaio com água morna/fria (térmica) e com alfinete de costureira (dolorosa). As vezes é necessário realizar o teste da histamina e realizar biópsia (retirada cirúrgica da pele suspeita para análise).
O tratamento é gratuito, nas Unidades de Saúde do Município com um tratamento padrão, para todo mundo : PAUCIBACILAR - por 6 meses (para adulto e criança) e MULTIBACILAR - por 12 meses ou até 2 anos. O paciente recebe parte da dose na Unidade de Saúde (dose mensal supervisionada) e parte é levada para casa (dose diária). A medicação é fornecida pelo ministério da saúde.
Normalmente, o paciente pode e deve levar a vida normal, incluso na família, trabalho e no meio social em que vive. Não é necessário isolamento, pois a transmissão termina com o início do tratamento. Não tem dieta, pode-se comer de tudo. Não é necessário separar copo, prato, rede, cama. A única restrição é a bebida alcoólica.
O prognóstico é bom, todos os estágios da doença tem cura. Evidentemente quanto mais cedo descobrir a doença e trata - la precocemente, evita sequelas (defeitos). É uma doença crónica de evolução lenta, caso não se dê conta do problema , fica deformidades para sempre. A melhor maneira de evitar o avanço da doença é descobri-la o mais cedo possível, e tratá-la adequadamente, vacinar os contatos (quem vive com o doente). E para isso, é ficar atento e sempre bem informado. O Brasil é o 22 país no mundo em casos (12 é a Índia). No Brasil a situação é critica nos estados: PI ,MA, TO, PA. E, no Maranhão : a capital São Luís, Timon, Açailândia e Imperatriz os casos são alarmantes. Atinge, homens e mulheres, todas as classes sociais e acomete mais a faixa etária economicamente produtiva (15-45 Anos).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece que a doença esteja controlada, quando acomete de 1 - 2 casos para cada grupo de 10.000 pessoas. No Maranhão, esta faixa de 18 casos e em Imperatriz próximo de 70.
Informe-se e conheça hanseníase e na dúvida procure a Unidade de Saúde mais próxima.
A luta também é sua!
(*) Doutor Pedro Júlio Gonçalves é médico da Secretaria Municipal de Saúde, em Imperatriz, CRM-MA 2787/107