No penúltimo dia do Salimp, o Café Literário foi palco de mais uma importante palestra, sendo esta ministrada pela pedagoga Rejane Maria Nascimento Kravetz, coordenadora do Programa Gestão Nota 10 – Instituto Ayrton Sena, que fez uma abordagem da educação no Brasil e no mundo. O evento foi prestigiado por vários professores, entre estes Edna Ventura, presidente da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), e Evangelista Mota, membro e ex-presidente da Academia Açailandense de Letras (AAL).
Ao iniciar sua palestra, a pedagoga afirmou que o Brasil recebeu avaliação ruim na qualidade da educação, pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e nacionalmente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, do Ministério da Educação. Realizado a cada três anos, abrange três domínios de conhecimento: leitura, Matemática e Ciências.
O Pisa, de acordo com Rejane Maria, tem como objetivo produzir em todos os países envolvidos indicadores de desempenho estudantil voltados para as políticas educacionais, fornecendo orientações, incentivos e instrumentos para melhorar a efetividade da educação, além de possibilitar a comparação internacional. “Essa avaliação reflete o modelo dicotômico que evidencia a imagem de dois brasis, a de um país que é a 6ª economia do mundo e ao mesmo tempo, o 84º lugar no ranking da educação mundial”, diz Rejane.
“Diante desse cenário, percebe-se que, com a modernidade, veio o desenvolvimento do capitalismo e o processo de mudanças ininterruptas que afetam as bases da sociedade marcada por profundas transformações e conflitos”, afirma a pedagoga, citando entre estes as crises econômicas, a poluição, as crises políticas, a competitividade, a globalização, a comunicação instantânea, a automação da sociedade e as tecnologias.
A palestrante orienta, ainda, que a concepção de educação que inspira o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) no âmbito do Ministério da Educação, reconhece na educação uma face do processo dialético que tem como objetivo a construção da autonomia, isto é, a formação de indivíduos capazes de assumir uma postura crítica e criativa frente ao mundo. “Educação é compromisso de todos e a responsabilidade pelo desenvolvimento humano pleno não é só da escola, mas sim da sociedade como um todo”, ensina a professora.
Ela observa também que a conclusão que o Pisa chegou é a de que países com grandes resultados na educação normalmente são aqueles cuja população baseia o seu sustento nos seus conhecimentos e na sua capacitação, e não necessariamente em seus recursos naturais e econômicos. “Os resultados indicam que há uma relação inversa entre o dinheiro que os países obtêm com os seus recursos naturais e o conhecimento e a capacitação dos seus alunos de segundo grau, como explica Andréas Schleicher, supervisor dos exames do Pisa para a OCDE”, diz Rejane Kravetz.
A educadora revela que nos últimos resultados do Pisa, Cingapura, Finlândia, Coreia do Sul, Hong Kong e Japão se destacaram por terem apresentado notas elevadas e serem países com poucos recursos naturais, enquanto o Catar e o Cazaquistão chamam a atenção por apresentarem as maiores rendas derivadas do petróleo e as notas mais baixas no Pisa. “Na América Latina, o Brasil, o México e a Argentina tiveram um desempenho ruim, mesmo sendo países ricos em recursos naturais”, afirma a pedagoga.
“Portanto, o conhecimento e a capacitação se tornaram a moeda global das economias do século 21”, afirma a professora, ressaltando que, para transformar o sistema educacional brasileiro em exemplo de excelência e qualidade só com uma gestão de aprendizagem do ensino, da rotina escolar e da política educacional. “A articulação de ações baseadas em princípios de gestão nessas quatro esferas da educação formal é que dará sustentação e eficiência ao processo educacional, conforme preconiza as diretrizes do Instituto Ayrton Senna”, conclui Rejane Maria. (Domingos Cezar)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14443
Gestão na Educação é tema de palestra e debate no Salimp
Para a palestrante Rejane Kravetz, é contraditório o Brasil ser o 6º lugar na economia e o 84º no ranking da educação
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