Hemerson Pinto
Desde os últimos meses de 2014, o rio Tocantins vem se demonstrando ainda mais perigoso a pessoas que arriscam entrar na água durante momentos de lazer às margens, nos estados do Maranhão e Tocantins. Até mesmo para quem o conhece como ‘a palma da mão’, como pescadores e barqueiros, o rio que divide os dois estados vem surpreendendo há muito tempo.
“São bancos de areia aonde eles não existiam, e o pior, que somem em um canto e aparecem em outro rapidamente, entre uma viagem e outra. A água está forte, muitas correntezas. Até a gente que é acostumado está encontrando dificuldades”, comentava a O PROGRESSO, no mês de novembro de 2014, o barqueiro Antônio da Conceição, ‘Curica’, como é conhecido.
Os mais de 40 anos de pescaria e viagens entre o povoado Imbiral e a sede do município de Imperatriz em algumas situações já não significavam sinais de segurança para o profissional, que hora por outra necessitava contar até mesmo com a sorte para escapar de algumas armadilhas que surgiam no meio do caminho. “Mudou muito ultimamente”, comentou o barqueiro.
Passaram-se os meses e a situação é a mesma. O inverno na região ainda não é o esperado para esta época do ano, mesmo assim, as chuvas que caem mais acima, em regiões que também são cortadas pelo Rio Tocantins, contribuem para volumes de água descendo com força. A passagem dessas correntezas por áreas frequentadas por banhistas aumenta os riscos de acidentes ou mortes por afogamento.
Segundo a Superintendência da Defesa Civil do Município de Imperatriz, o nível do Rio Tocantins vem oscilando nos últimos dias, “não estando propício para banho”, alerta o superintendente Francisco das Chagas.
Com base em números da Defesa Civil, na segunda-feira o nível do Rio Tocantins se mantinha em 0.56cm acima do normal. O nível está sujeito a variações frequentes por conta das vazões de hidrelétricas construídas ao longo do rio. A última vazão registrada pela Defesa Civil, durante o contato com nossa redação, era de 1.487m³ de água por segundo. A mesma vazão é a prevista para as próximas 48 horas.
“O rio não está propício para banhos com segurança. Se uma pessoa cair em uma onda formada por redemoinhos, as chances de sobreviver são praticamente zero. O aconselhável é não se aventurar, nem no ‘meio’ nem nas margens”, reforça Francisco das Chagas.
Na tarde do último domingo, uma criança de apenas 12 anos de idade morreu afogada no rio Tocantins (margem maranhense), enquanto brincava com um grupo de amigos próximo às peixarias, no Cais. O Corpo de Bombeiros foi acionado para fazer buscas no local. O corpo do garoto, identificado como Edson Sousa Silva, foi encontrado minutos depois por um pescador. A vítima morava no bairro Bonsucesso em Imperatriz.
A cena comoveu outros banhistas, barqueiros e clientes das peixarias, em uma tarde movimentada na Avenida Beira-Rio, onde o clima de alegria foi quebrado pela morte do menino. Um vídeo gravado por alguém que testemunhou a retirada do corpo de dentro da água foi espalhado via aplicativo WhatsApp.
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