* Alberto Meneghetti
Desde o surgimento da Acta Diurna, o primeiro jornal conhecido, iniciativa do general romano Júlio César, em 69 a.C., que divulgava os principais acontecimentos da então República, através de tábuas fixadas nos muros das principais localidades, passando pelas prensas de Gutenberg, muitas transformações aconteceram com esta mídia impressa, e a maior delas está acontecendo aqui, agora mesmo.
Em 2 importantes eventos internacionais recentes que tive a oportunidade de participar, o tema veículos impressos versus conteúdo on-line e móvel foram muito discutidos, com debates aquecidíssimos.
No 20° Festival Mundial de Publicidade de Gramado, promovido pela ALAP (Associação Latino-Americana de Publicidade), que reuniu milhares de estudantes e profissionais da comunicação para discutir o business publicitário, o relato do diretor regional da Associação dos Jornais do Interior do Brasil (ADJORI-BR), Fernando Bond, foi emblemático. Segundo Fernando, existem hoje cerca de quatro mil títulos de jornais circulando para 165 milhões de brasileiros, na contramão de quem acredita que o mundo virou totalmente digital.
E, no 62º Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, um evento global que reflete a excelência criativa em todas as formas de comunicação, assisti a uma entrevista com Martin Sorrell, fundador e presidente da WPP, maior empresa de publicidade do mundo e que movimenta enormes orçamentos no segmento, na qual ele repetiu a afirmação que os veículos tradicionais de mídia são mais poderosos do que as pessoas vêm pensando, que já tinha enfatizado em encontro com a associação britânica de jornalistas Broadcasting Press Guild, tempos atrás.
Na opinião de Sorrell, “há uma discussão acontecendo agora sobre a eficácia de jornais e revistas, mesmo em seus modelos tradicionais, e talvez eles sejam mais eficazes dos que as pessoas estão supondo”.
Segundo ele, pesquisas recentes mostram que a mídia tradicional pode ser mais engajadora, e que leitores tendem a registrar melhor a informação veiculada em revistas e jornais impressos do que a partir de conteúdo on-line e móvel.
Neste momento em que todos apostavam as fichas nas plataformas digitais, esta afirmação de um peso-pesado do business publicitário fez as mídias das agências repensarem a lógica e (re)valorizarem os veículos impressos nos seus planejamentos.
Posso citar o meu próprio comportamento em relação a isto como um exemplo desta valorização dos jornais. Apesar de me considerar um ser totalmente digital e apostar nos dispositivos móveis para quase tudo no meu dia-a-dia, não abro mão das minhas 2 assinaturas de jornais impressos diários. Se isto diz alguma coisa, então os jornais terão ainda uma vida longa.
E, há mais de um século, os jornais que noticiaram desde a Abolição da Escravatura, passando pela Proclamação da República e as Guerras Mundiais, até os recentes fatos atuais, vencendo as crises e defendendo a liberdade de expressão e imprensa nesta trajetória de sucesso, confiança e credibilidade, que muito orgulha quem trabalha - e gosta - da comunicação.
* Publicitário e Conselheiro da ALAP (Associação Latino-Americana de Publicidade)
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