A santa festa de Todos os Santos, comemorada pela Igreja no dia primeiro de novembro, nos traz algumas reflexões importantes. Já tive a oportunidade de contar que, quando me tornei católico, pensava como pensam os outros cristãos, que Deus Todo-Poderoso não precisa dos santos. Então, resolvi estudar a Bíblia para assegurar-me dessa fé católica. Já em Gênesis vi que Deus envia um anjo a Agar (Gn 16, 7-11). Depois a Lot (Gn 19,1) e a Jacó (Gn 32,1-2).
E Deus, que não precisa de anjos (aggelo em grego, que significa mensageiro), nem de homens para conduzir seu povo, escolhe a Moisés (Ex 3,1-10). E o Deus que tudo pode e não precisa de nenhum intermediário, continua a surpreender: um santo anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara (Tob 3,25). E, mais incrível, Malaquias (do hebreu “meu mensageiro”, não é nome de pessoa, não se conhece o autor) anuncia a vinda de João Batista e do próprio Jesus, o Deus feito homem (Ml 3, 1-2) mais de 400 anos antes.
Por fim, Deus, apesar de não precisar, proveu sua palavra inspirada, não ditada, escrita por mãos de homens com seus estilos próprios, palavra que compôs o Velho Testamento, escrito em hebraico e grego. E Jesus, que também não precisava, escolheu doze homens que enviou (apostolai em grego) e, mais ainda, chamou Paulo que, apesar de desnecessário também, foi o grande mensageiro (aggelo, anjo) da Nova Mensagem (Eu Aggelion). Deus não precisa, mas opta por chamar homens comuns à santidade.
E foi o Papa Bento XVI que afirmou, dias atrás, segundo o Zenith, que os santos são modelos eficazes para a Nova Evangelização. Esta afirmação vem do Sínodo dos Bispos, em sua Proposição 23: “A santidade é uma parte importante de toda a obra de evangelização, tanto para quem evangeliza quanto para o bem dos que são evangelizados”. É uma mensagem em perfeita harmonia com a festa de Todos os Santos.
Os padres sinodais dedicam toda a Proposição 23 à santidade dos novos evangelizadores. “O chamamento universal à santidade é constitutivo da Nova Evangelização, que vê nos santos um modelo eficaz da variedade de maneiras para a realização desta vocação”. E, ainda, “o que é comum nas várias histórias de santidade é o seguimento de Cristo, que se expressa em uma vida de fé ativa no amor, como proclamação privilegiada da Igreja”.
O sínodo vê em Maria o modelo de todos os santos: “Nós reconhecemos em Maria um modelo de santidade manifestada em atos de amor que vão até o dom supremo de si mesmo”.
A Proposição 22 evoca a “conversão” e a “renovação na santidade”, necessária para os novos evangelizadores. “O drama de todos os tempos e a intensidade da batalha entre o bem e o mal, entre a fé e o medo, devem ser apresentados como o fundamento essencial, um elemento constitutivo do apelo à conversão a Cristo”.
A santidade em nossas vidas foi tema de vários bispos que falaram da necessidade de renovação na santidade da sua própria vida, se eles querem ser agentes verdadeiramente eficazes da nova evangelização. Os padres sinodais insistiram ainda na “conversão pessoal e comunitária” e até na conversão “pastoral”. É Palavra de Deus: Sede santos! (Gen 19,2), aperfeiçoado por Jesus: Sede Perfeitos (Mt 5,48)!
Mario Eugenio Saturno (mariosaturno.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14545
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