Passaram-se mais de dois mil anos desde aquela noite, em Belém, na Judeia, pastores de ovelhas que pernoitavam em algum lugar deixaram seus rebanhos em alta noite e, guiados por uma estrela, foram à procura de um bebê que acabara de nascer em circunstâncias nada convencionais. Era o menino Jesus, o messias anunciado pelo profeta, concebido pelo Espírito Santo, nascido de ventre virgem, para redimir a humanidade. Ao encontrá-lo, envolto a uma faixa, em uma manjedoura, na companhia de Maria e José - conforme relato bíblico, ofertaram-lhe presentes em espírito de adoração. A data é celebrada universalmente como a maior festa cristã, por simbolizar a redenção, a conciliação, a paz e o amor.
Talvez o gesto de amor e adoração daqueles pastores, ou reis magos - como queiram, tenha inspirado as pessoas a presentear entes queridos no Natal. Talvez a prática de presentear no Natal, tão bem intencionada pelos visitantes do menino Jesus, tenha se desvirtuado no tempo e se perpetuado como mera troca de objetos.
Os presépios, que nas suas variadas formas, simbolizam e reconstituem a cena da noite natalina são ofuscados pela figura de um personagem criado pelo capitalismo mercantilista visando única e exclusivamente o lucro.
As decorações reluzentes, as pomposas ceias natalinas, as mesas fartas, de nada adiantarão se não tiver amor. Mesmo que os contagiantes corais cantem as mais envolventes melodias natalinas nas igrejas, praças e shoppings centers, mesmo que as pessoas declamem aquela conhecida frase FELIZ NATAL na língua dos anjos, se não tiver amor de nada adiantará.
O Natal é, para os cristãos, a materialização do verbo Divino, que se fez carne para acolher sobre si a culpa pelos erros da humanidade. Amor maior ou igual não há.
Imagine-se no lugar daqueles pastores indo entregar presentes para alguém que nascesse embaixo de um viaduto ou em um barraco em uma periferia qualquer. Também nada disso adiantaria se não tivesse amor.
Natal é tempo de reflexão. Reflitamos, então, sobre a nossa forma de amar. Que as ceias natalinas sejam verdadeiros banquetes ágape, como faziam os cristão antigos. Que o amor ágape seja o sentimento predominante em todos os lares.
Aos caríssimos leitores, Feliz Natal!
Publicado em Cidade na Edição Nº 14888
Comentários