Vendedores voltam a ocupar Avenida Bernardo Sayão
Improviso e abandono no Mercado da Nova Imperatriz

Hemerson Pinto

Quase 20 anos atrás, o processo de desocupação do espaço onde (novamente) funciona a feira da Nova Imperatriz não era o fim de um problema, mas o começo de uma história com vários capítulos e versões. Na época, os feirantes reclamavam o que consideraram abandono, tanto pelo poder público quanto por clientes e até os próprios vendedores. Mudaram para o setor ‘Quatro Bocas’. Quinze anos mais tarde, a proposta. Aceitaram e hoje aguardam o prometido.
O terreno ocupa cerca de um quarto da quadra formada pelas ruas Amazonas, Santo Cristo, Pará e São Francisco. Medindo por quarteirões, calcula-se que o terreno ocupa metade do quarteirão da Rua Amazonas (para onde está à frente da feira) entre Santo Cristo e São Francisco, e metade do quarteirão da Rua Santo Cristo (para onde fica a lateral) entre as ruas Amazonas e Pará. Facilitando: a feira da Nova Imperatriz fica no cruzamento das ruas Amazonas e Santo Cristo.
Os últimos ocupantes da antiga feira resolveram abandoná-la de vez no fim da década de 1990, lá por 97, 98. Francisco, o ‘Doutor das panelas’, foi o último a desarmar a barraca e procurar outro rumo. “Não dava mais, foi acabando aos poucos, quem tinha barraca foi fechando, quem trazia carrinho de verduras pra vender nos domingos não vinha mais, foi ficando uns três ou quatro companheiros. Quando me espantei era só eu. Levei a mercadoria pra minha casa e abrir meu ‘Hospital das Panelas’ lá mesmo”, conta o feirante, que hoje é dono da ‘Oca do Pajé’.
A partir daí, o abandono virou o ‘dono’ da feira. Nem ratos apareciam. Para que? O movimento agora estava na Rua Fortunato Bandeira, entre a Avenida Ceará e a Rua Rio Grande do Norte, ainda na Nova Imperatriz, na área das ‘Quatro Bocas’. O quarteirão ficou interditado por 15 anos, por antigos vendedores da Nova Imperatriz e por outros, de outras partes da cidade, que encontraram ali alguns metros quadrados para disputar clientes. Quem não coube no aperto encontrou um cantinho nas calçadas da Avenida Bernardo Sayão, entre Ceará e Piauí. Era a extensão da feira da Nova Imperatriz.
Há quase três anos, a atual gestão anunciou a reforma do Mercado da Nova Imperatriz, construído no governo Carlos Amorim. O objetivo era recolocar os feirantes ao local adequado, claro, oferecendo estrutura necessária para um bom funcionamento. “A feira continua do mesmo jeito de quando chegamos, quando fomos trazidos para cá com a promessa de cobertura da feira. O movimento está caindo novamente e alguns feirantes estão voltando para a Bernardo Sayão. Até agora nada cumprido, nenhuma resposta”, declara o presidente da associação dos feirantes do bairro, Benedito Aniceto.
Segundo Benedito, quando os feirantes concordaram mudar de volta para a antiga feira a Prefeitura doou barracas e fez alguns serviços nos três prédios do antigo mercado. Recentemente, segundo alguns vendedores, o Executivo melhorou a instalação elétrica dos três ambientes, e nada mais.
“Disseram que iriam cobrir todo esse espaço e atrair para esta área linhas de empresas de ônibus, casa lotérica, mas não acreditamos mais que nada seja feito. Peço que façam ao contrário do que estou pensando”, desafia Benedito. Atrás do balcão de um dos açougues, Manoel Messias diz que há três anos aguarda o início das obras de recuperação do mercado. “Hoje está esse descaso, uma vergonha, muitos clientes já abandonaram aqui novamente”, comenta o açougueiro, concordando com os comentários de que a limpeza da feira e iluminação estão em dia.
Como abrigo do sol e chuva, os feirantes improvisaram coberturas, em alguns casos utilizando lonas e papelão. Para a água não cair dentro das barracas montaram calhas e instalaram canos, engenhocas que nem sempre funcionam.
Prefeitura – Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento, José Fernandes, a Prefeitura de Imperatriz não abandonou o projeto de cobertura e recuperação do Mercado da Nova Imperatriz. “Estivemos há poucos dias no Ministério da Integração Nacional, em Brasília, acompanhados do deputado federal Chiquinho Escórcio, com toda a documentação necessária. Agora vai depender da tramitação do dinheiro, do ministério para a Caixa Econômica Federal”, garante o secretário.
Segundo José Fernandes, o prefeito Sebastião Madeira apenas aguarda a confirmação do repasse da verba destinada à reforma do mercado à Caixa Econômica para abrir o processo licitatório. O valor corrigido chega a aproximadamente R$ 700 mil, para a obra de cobertura da área externa e interna, drenagem, saneamento básico, esgoto, rede elétrica, pintura e piso. O Município deverá entrar com uma contrapartida. “Será uma reforma geral”, confirma José Fernandes.