Mudanças começaram no início da manhã
Uma das famílias que resolveu mudar por conta própria
Cratera continua ameaçando no bairro Caema
Equipes realizando mudanças na Rua Vale do Amanhecer

Hemerson Pinto

Não necessitou o uso de força policial como foi determinado pelo Ministério Público do Maranhão. As famílias que moram em área considerada de risco no bairro Caema aceitaram sair de suas residências. Algumas até providenciaram a própria mudança, outras aceitaram a logística da Prefeitura e levaram suas mobílias para o condomínio alugado pela Secretaria de Desenvolvimento Social no bairro Santa Rita.
Foi uma terça-feira marcada pelo fim do impasse entre os moradores das ruas Nova, Niterói e Vale do Amanhecer, Município de Imperatriz e Ministério Público do Estado do Maranhão. Até a desocupação foram mais de dois meses de reuniões entre as famílias, MP, Prefeitura, Câmara de Vereadores e Defensoria Pública e Promotoria de Meio Ambiente.
Para o Ministério Público, as famílias deveriam deixar a área ameaçada de ser engolida por uma cratera às margens do Riacho Bacuri e que aumenta a cada dia na direção de 22 residências localizadas nas três ruas. Foram várias tentativas de conscientizar os moradores que sempre se recusaram a deixar os lares construídos aos poucos, durante anos.
No início de dezembro, a Superintendência da Defesa Civil levou caminhões, equipes da própria secretaria e convocou Corpo de Bombeiros e militares do 50º Batalhão de Infantaria de Selva para realizar a mudança das famílias em data determinada pela Justiça. Os moradores fizeram protesto e se recusaram a sair. No final do ano, uma determinação judicial anunciou no prazo para as famílias deixarem o local e, se necessário, sob força policial.
Na manhã de terça-feira, 06 de janeiro, apenas uma viatura do 3º Batalhão de Polícia Militar circulava pelo bairro em apoio às equipes do 3º Grupamento de Bombeiros Militar e Defesa Civil. Os moradores cederam e as primeiras famílias começaram a sair por volta de 8h, de forma pacífica.
Segundo o superintendente da Defesa Civil, Francisco das Chagas, até o final da tarde de terça-feira todas as famílias deveriam ser retiradas. “O próximo passo é a demolição dessas casas e garantir que os espaços não voltem a ser ocupados. Vamos (Município) ter a responsabilidade de cuidar deles (moradores) até essas famílias terem suas casas de forma digna e segura. Todos nós, todos os governos que passaram sabiam que essa não era uma área segura para habitação. Vamos fazer a demolição e garantir que nenhuma outra edificação seja erguida aqui”.
O autônomo Antônio José foi um dos chefes de família que preferiu mudar por contra própria para uma casa que ele alugou até ser resolvido o destino final das famílias que saíram do bairro Caema. “Aluguei uma casa na Rua da Paz, mesmo bairro, longe da cratera”, comentou Antônio, que em um carrinho de mão levou todos os móveis e pertences da família composta por ele, irmã, mãe e três sobrinhos.
O carroceiro Francisco Gomes, um dos moradores que durante as reuniões com a Prefeitura e o Ministério Público representou as 22 famílias, disse que os moradores resolveram atender às determinações do MP, reconhecendo os riscos impostos pelo buraco.
Das 22 famílias, cerca de dez foram para o condomínio alugado pela Prefeitura, seis já haviam aderido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As outras famílias saíram por conta própria. Pelo menos duas delas vão aguardar em residências de parentes no estado do Tocantins o chamado para ocuparem, junto às famílias que foram levadas para o condomínio e as que alugaram casas, as moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, no Jardim Sumaré, em Imperatriz, o que está previsto para os próximos seis meses.