O cidadão brasileiro, até pouco tempo, foi induzido a aguardar que o Estado apresente soluções milagrosas para solucionar as mazelas sociais que o atingem.

Tal situação acabou gerando um cidadão dependente, não crítico, passivo, apático, com o pensamento dependente e, pouco atento à livre iniciativa, à responsabilidade social, à consciência de cidadania, ou seja, um indivíduo "cheio de direitos".
Em anos de eleições o que mais se ouve é que devemos exercer nossa cidadania, levando-nos a confundir cidadania com o direito de votar. Porém, cidadania é muito mais abrangente do que o simples direito de votar.
Cidadania é uma qualidade daquele que é cidadão. 
O cidadão é aquele indivíduo que cobra, luta e fiscaliza a efetividade dos direitos básicos que são a vida, liberdade, igualdade, propriedade, segurança, saúde, educação, moradia, o lazer, o vestuário, o transporte, a livre manifestação de pensamento, a liberdade de crença e muitos outros, mas que também, cumpre com os seus deveres e obrigações de não matar, de não discriminar, de  não roubar, de proteger o patrimônio público, de colaborar com as autoridades e de cumprir as leis, entendendo ser parte de um grande e complexo organismo que é a sociedade, a nação, o Estado.
É o ser humano que tem consciência de seus direitos e deveres, pois ele entende que o seu direito termina onde começa o direito alheio. Isso inclui obedecer a filas e a prioridades; a seguir normas no trânsito e de estacionamento; além de respeitar e fazer valer o direito do outro.
Nas suas ações busca soluções coletivas que objetivam a paz na comunidade, evita e não aceita qualquer tipo de violência contra quem quer que seja.
O cidadão é também atuante politicamente, exercendo de forma consciente o poder do voto e atuante na fiscalização dos atos de políticos e uso dos bens públicos, zelando pela ética na política para diminuir as desigualdades sociais e outras, denunciando aos órgãos competentes qualquer tipo de injustiça.
Dentre seus direitos o cidadão consciente luta pacificamente contra qualquer tipo de preconceito e discriminação (sexo, religião, raça, idade, etc.). Tem o modo de proceder com respeito ao semelhante, independentemente de qualquer coisa, e preza por isso.
Um cidadão consciente entende a importância de preservar a natureza e o mundo em que vive. Faz a sua parte em relação a economizar os bens naturais como água, fauna e flora. Também se preocupa com a limpeza das ruas, a proteção dos animais, reciclagem do lixo etc.
É também atribuição do cidadão ser ético, seguindo o conjunto de valores morais que orientam o comportamento da sociedade. Significa agir em conformidade com os valores que apregoa e aceita como fundamentais, não se deixando levar por interesses pessoais. Além de reconhecer a importância de demonstrar em atos o respeito aos direitos e deveres que lhes são imputados, de forma que suas ações são transparentes e correspondem a modelos de comportamento.
O maior resultado da observância dos direitos pelo cidadão é a prevenção e o combate à corrupção, que ocorre mediante as mais variadas formas, afeta inúmeras relações e, em razão de suas múltiplas facetas, caracteriza-se como um fenômeno complexo. É visível que a corrupção constitui, em todos os setores, um dos males mais devastadores e apresenta-se como um problema de cunho social, político e institucional capaz de contaminar as relações sociais cotidianas. Contudo, ainda que a corrupção seja a grande responsável pela criação de uma população desiludida para com o futuro da nação, verifica-se que os cidadãos possuem importante papel na sociedade, especialmente no que concerne à participação do cidadão no governo.
Afora a garantia de inúmeros direitos, o cidadão possui deveres perante o Estado, o que, por inúmeras vezes, é relegado a um segundo plano, no esquecimento de que os cidadãos também fazem parte da sociedade, de modo que precisa trabalhar, reivindicar e lutar diariamente para que seus direitos sejam respeitados e, inclusive, para que novos direitos sejam conquistados. 
O Estado por algum tempo induziu a população a uma postura de mera consumidora, sem estimular o pensamento crítico relativo à solução dos problemas existentes. 
Entretanto, o que se percebe é que o cidadão tem, cada vez mais, se preocupado em cuidar de si, em se conhecer e, desta forma, não mais se satisfaz com soluções acomodadas para sua vida. Busca meios de participar efetivamente na construção das soluções dos litígios, de forma livre e não mais se contentam com esse espaço de ação social que lhe é dado.
O cidadão atual sabe seus direitos como também conhece seus deveres e dentre eles encontra-se o acesso à justiça, que não se restringe ao Poder Judiciário, que deverá ser acionado somente quando esgotadas as demais alternativas disponíveis para solução de conflitos, exercendo sua autonomia de vontade, tendo em vista que hoje, o cidadão brasileiro busca mais que um simples acesso formal à justiça. Ele quer mais: quer efetividade e atualidade na prestação jurisdicional. E esses anseios podem ser atendidos com a utilização dos métodos alternativos, a medição, conciliação e a arbitragem, que representam técnicas diferenciadas e eficazes na condução e concretização dos direitos e peculiares inerentes às relações humanas.

Edvaldo Tavares Alcoforado