Elson Araújo

Desde que passei a ocupar regularmente um espaço  semanal nas páginas de O PROGRESSO que tento chamar atenção para a necessidade de uma participação maior do cidadão imperatrizense na vida da cidade. Não só o “viver cidadão” naquilo que preceitua a Constituição Federal, que é “tirar o título de eleitor e votar”; defendo que é preciso mais do que isso, uma vez que a sociedade brasileira exige uma interpretação extensiva do conceito constitucional de cidadão; conceito esse que, no meu sentir, deve vir junto ao conceito de envolvimento. Nessa interpretação, cidadania, certamente, rima com envolvimento.

No exercício de cidadania, participar é preciso. A participação e o envolvimento na vida da cidade,  seja nas lides partidárias ou nos clubes de serviços, ONGs, entidades humanitárias e conselhos, entre outros, fortalecem a sociedade e suas lutas e conferem maior substância ao poder popular, e com isso, a chance de uma sociedade mais harmônica e com mais justiça social se torna infinitamente maior.

Mesmo a cidade carecendo ainda muito desse envolvimento popular, no dia a dia de Imperatriz nos deparamos com diversos exemplos de boas “práticas cidadãs” decorrentes dessa participação e envolvimento. Práticas simples que, se fossem seguidas ou copiadas por outros, hoje estaríamos a viver numa cidade melhor e bem mais organizada com cada um fazendo sua parte.

No último dia 11 de julho, a Prefeitura, como parte das comemorações alusivas aos 163 anos de fundação de Imperatriz, reconheceu publicamente, por meio da “Distinção Honrosa Orgulho da Gente”, alguns desses exemplos. A Comunidade Anjo Gabriel (Nova Imperatriz) é um deles. Cansada de  lutar contra o crescimento de um lixão que incomodava todos e enfeiava a rua, resolveu transformá-lo num jardim, hoje florido e à vista de todos. Com vergonha, os sujões contumazes sumiram. Não voltaram mais.

Outros exemplos distinguidos pela Prefeitura foram a Companhia da Alegria e o Fórum das Comunidades da Estrada do Arroz. O primeiro, saído da iniciativa de dois jovens bem sucedidos, se dedica a levar alegria (espiritual) e assistência material aos internos dos hospitais públicos da cidade; já a segunda, formada na sua maioria por gente simples e do campo, se constitui numa trincheira de luta pelo bem estar das comunidades da zona rural da cidade. Contudo, tem-se a consciência que ainda é pouco para uma cidade, oficialmente, de quase 300 mil habitantes.

Em Imperatriz os bons exemplos, infelizmente, raramente são seguidos, enquanto os maus ainda campeiam. Dia 10 de julho, a Prefeitura entregou  para a população a Praça Mary de Pinho. Moderna e  bela, desde a inauguração se tornou o mais novo point da cidade. Jovens, crianças, adultos ocuparam orgulhosamente aquele espaço público, contudo, no dia seguinte, os seguidores dos maus exemplos já tinham danificado alguns aparelhos (imediatamente reparados pelo poder público) e usado como piscina o lindo chafariz do lugar.

Desde sua concepção que a Praça Mary de Pinho se tornou motivo de debates nas redes sociais. Grande parte dos internautas, embora destacando a beleza da obra, apostava que não demoraria muito seria destruída pelos vândalos. Visível que esse sentimento se distribui devido a situações precedentes e o pensamento torto de que o que é  público não é de ninguém e tem de ser destruído;  um conceito que os homens e mulheres de bem da cidade, associados ao poder público, precisam enfrentar.

É fato que, como diria o poeta inglês Jonh Donne,  nenhum homem é uma ilha. Vivemos em comunhão  com os outros, não conseguimos viver sem interagir com nossos semelhantes, com a comunidade, com as comunidades; com o ambiente, como um todo,    com a sociedade. Sociedade essa que exige um cidadão cada dia mais proativo, que participe e contribua positivamente para melhorar os ambientes em que vive e convive, e que exercite no seu labor diário práticas cidadãs que sirvam de bons  exemplos para as atuais e futuras gerações.

Propaguemos, portanto, os bons exemplos, as boas práticas cidadãs.