Eu chego a casa; virando a esquina, já vejo o coreto.
A praça é antiga; os camelôs nem tanto.
Eu chego no portão; portão que foi verde;
que foi branco; que foi marrom; marrom que abre lentamente.
Eu olho para a esquerda; as acerolas.
Acerolas amargas; amarga alegria.
Olha o pé de jabuticaba; Jabuticaba que nunca acaba,
Acabou sem conhecer alguns netos; (Eles iriam amar).
Eu olho para a frente; há os pés de manga.
Manga verde e troncos brancos.
Por que pintados de branco? Do branco eu não sei.
Eu olho para carros; carros demais.
Já nem me perturbam; agora tanto faz.
Eu piso na passagem; pedras no chão.
Pedras com várias formas; formam figuras.
Eu paro na grade; a grade da piscina.
A piscina sempre cheia, agora está vazia.
Lá ao fundo tinha um grande escorregador.
Lava a alma; escorreu o amor.
Eu olho o muro de tijolos amarelos.
Amarelos com listas pretas; sempre me pareceu,
Algum tipo de brincadeira.
Eu paro; paro para admirar.
Admirar a jambeira; Jambeira de flores rosa.
Rosas com jambos vermelhos.
Eu desço a rampinha; rampinha que já foi escada.
Escada que já machucou; machucado que não sarou.
Eu chego na sala; sala que já teve muitas cadeiras.
Cadeiras cheias de gente; gente de amor.
Saudades da mesa; mesa de jantar.
Jantar para se falar; falar da vida.
Sempre escutei mais alto a minha Tia Alzira.
Paro um instante; havia uma estante.
Estante de madeira; madeira de lei.
Para guardar o que; isso eu até hoje não sei.
Engraçado... Na sala tem uma pia.
Pia com espelho; espelho do dia.
Eles estão sentados.
Sentados em suas cadeiras de macarrão.
É hora do jornal; todos em frente à televisão.
Estou ansioso para brincar.
Brincar no que me parece uma grande mansão.
Mas meu pai alerta: “Volta Bruno! Só depois da bênção!”.
Wdson Bruno Carvalho Cunha, 27 anos, advogado, neto do senhor
José de Ribamar Cunha
Imperatriz, 09 de fevereiro de 2015.
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