Hemerson Pinto
O 27º Encontro Espírita da Região Tocantina será encerrado neste domingo. A programação foi aberta na última sexta-feira e conta com a participação de palestrantes do Distrito Federal e do estado de Minas Gerais. Hoje o evento tem início às 8h30. Ao meio dia acontece o encerramento. O tema é “O evangelho: compreender e evoluir”. Uma abordagem sobre as bem aventuranças.
Em visita realizada na manhã de ontem, O PROGRESSO conversou com o diretor da Federação Espírita Brasileira, João Pinto Rabelo. Experiente, o diretor falou sobre as viagens realizadas pelo mundo, com o objetivo de apresentar a doutrina às outras nações e perceber o trabalho dos espíritas em outros países.
“O movimento espírita é bem mais forte no Brasil, onde temos cerca de 30 mil centros espíritas. O movimento é profundamente discreto, faz o trabalho da solidariedade, caridade, a promoção humana porque entendemos que o evangelho de Jesus tem como base a solidariedade. Todos os grandes santos da igreja foram criaturas generosas, como São Francisco de Assis e Santo Agostinho”, explica João Pinto.
Segundo o diretor, na África existe uma grande visão de espiritualidade, “por que os deuses, os orixás, aquele formalismo que guardam até hoje”. Quanto à Europa, “é o continente mais ateu da humanidade, ‘engordou’ tanto de poder e qualidade de vida que esqueceu de Deus”, declara. Em visita a Cuba, João Pinto descobriu que a pequena ilha reserva 520 centros espíritas que durante muito tempo funcionaram escondidos. “[...] Depois entenderam [O Estado] que a religiosidade era um fator importante para a formação moral de uma sociedade”.
No Brasil, João Pinto afirma que existem pelo menos 50 milhões de pessoas, entre frequentadores assíduos e simpatizantes, que estão buscando o espiritismo. O diretor da Federação Espírita Brasileira diz que nos Estados Unidos, apenas em uma região formada por Nova York e algumas cidades próximas, concentram-se 500 centros espíritas. A maior concentração na América Central estaria na Guatemala, com 525 centros.
De volta à América do Sul, depois do Brasil, a Colômbia tem a maior concentração de espíritas, segundo o palestrante, onde acontecem congressos anualmente. Peru, Bolívia, Paraguai e Uruguai são países que registram um movimento espírita razoável. “Em Portugal é o maior registro na Europa, com cerca de mil pessoas frequentando centros espíritas diariamente. Na África o processo é mais lento, mas aceito. No mundo árabe qualquer doutrina que não seja muçulmana é difícil sobreviver, mesmo assim temos muitos núcleos silenciosos, desde a Arábia Saudita ao Egito”, revela João Pinto.
Para o diretor, o espiritismo reúne cinco pontos considerados importantes. Entre eles, a crença em Deus e a certeza da reencarnação. “Entendemos que todos nós desencarnamos, reencarnamos. É esse o processo permanente em que a gente volta para aprender e aplicar aquilo que não deu tempo. A vida humana é muito curta, a reencarnação nos assegura a justiça divina. Por que uma pessoa nasce miserável? Por que uma pessoa nasce aleijada? Por que outro nasce na favela com toda as chances de prostitui-se ou ir para a violência?”, reflete.
João Pinto Rabelo afirma que os espíritas acreditam na comunicabilidade dos espíritos e que pessoas que morreram estão em um mundo espiritual e podem comunicar-se com quem ainda vive. “Em todas a religiões há registros de pessoas que mandam recado, que viram um defunto, mas são espíritos que andam por aí. Quando morre não acaba, a pessoa continua trabalhando. É aquilo que a igreja chama de anjo da guarda, que chamamos de mentor. Eu já vi minha mãe várias vezes depois que ela desencarnou e já conversei com ela”, o que, segundo o espírita, é possível através da figura de um médium, da presença ou de materializações, ou através de uma substância chamada ectoplasma, “que sai pela boca, pelos poros e o espírito se materializa. Você pode pegar, abraçar. Os nossos amores não morrem”.
João Pinto define os espíritos como “criaturas que estão fazendo grande esforço para serem melhor”.
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