Vivemos num mundo de competição. Em casa, no trabalho, no trânsito, estamos sempre envolvidos  em algum tipo de disputa. Na verdade, começamos a competir bem antes da nossa forma humana, portanto esse espírito de competição é inerente à  nossa natureza. O defeito dessa qualidade  competitiva típica dos seres da Terra, notadamente entre os homens, é querer ganhar sempre. Não aprendemos a perder.
Agora mesmo, em tempo de eleição, é cada um defendendo suas cidadelas eleitorais como as melhores. Para mim, as melhores são as que defendo e acredito; para meu vizinho, as melhores são as deles. É debate que não acaba mais, mas tudo em clima de harmonia.
Algumas disputas, não raras, terminam em tragédia,   já outras têm final feliz. E ainda bem que é assim. Da minha parte, prefiro as de final feliz ou aquelas em que seja possível aprender algo ou provoquem boas risadas. E ri, conforme o dito popular, “é o melhor remédio”.
Alguns tipos de competições são muito engraçadas.  Aquelas em que os indivíduos passam um bom tempo pelejando para saber quem é mais doente ou tem o maior número de doentes na família. Já testemunhei várias e provoquei, como laboratório, outras.
É quase sempre assim: experimente numa rodada de amigos dizer que amanheceu com dor de cabeça ou que a taxa de açúcar no sangue subiu ou ainda que “ganhou uma pressão alta”, pra você ver uma coisa.
- Na semana passada eu estava do mesmo jeito -   dirá um.
- Fui parar na UPA semana passada - dirá outro ouvinte.
- Pior foi minha, que mãe passou o final de semana internada no Socorrão - certamente dirá outro, que não é nada de besta de ficar para trás.
O lado positivo desse tipo de peleja, para quem tem paciência de ouvir, é que se aprende uma infinidade de soluções para diversos tipos de males sem ao menos precisar ir ao médico. É sério! Receitas para pressão alta, controle e até a cura do diabetes. Às  vezes, no “pé do ouvido” se aprende até soluções para quem anda com “os nervos fracos” e tem deixado a patroa na mão.
- Controlo minha pressão comendo todo dia um dente de alho.
- Tenho um amigo que ficou curado do diabetes tomando, em jejum, todo dia, a própria urina.
- Ei, isso não existe! O bom mesmo é tomar a água da cajuína diariamente na hora que acordar.
- Que viagra, nada. Se tu tomar todo dia bem cedo uma dose de São João da Barra com leite condensado, tu vai ser homem pra toda vida.
Se mesmo depois de ouvir todos esses ensinamentos populares surgirem fagulhas de  dúvidas, a receita correta mesmo é arrumar um jeito  e um tempo de ir ao médico.

* Elson Mesquita de Araújo, jornalista.