Comunicadores percorreram ruas centrais pedindo por justiça
A filha Rafaela, em entrevista, em frente à Diretoria Regional de Segurança Pública
Prefeito Madeira esteve no velório do cinegrafista e produtor José de Ribamar Carvalho
Vicente Pinheiro, companheiro de Carvalho há 15 anos

Raimundo Primeiro

Apoiados pelo Sindicato dos Jornalistas de Imperatriz (Sindijori) e pela Associação de Imprensa da Região Tocantina (Airt), jornalistas, repórteres, apresentadores, cinegrafistas, equipes de apoio, enfim, profissionais de comunicação da cidade e municípios vizinhos, saíram nas ruas de Imperatriz na manhã dessa segunda-feira, 1º de dezembro, em protesto ao assassinato frio e brutal do cinegrafista e produtor José de Ribamar Carvalho Filho, 48 anos, que há 15 produzia o programa “Espaço Aberto”, iniciado na TV Capital (Record) e hoje levado ao ar pela TV Tocantins (CNT), canal 21.
O movimento, pedindo por justiça, saiu da Praça da Cultura e percorreu ruas do centro da cidade, parando em frente ao Fórum Henrique de La Rocque, a sede da Subseção de Imperatriz da Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA), ao Palácio Dorgival Pinheiro de Sousa, sede da Câmara Municipal e encerrando, às 11h, no Complexo de Segurança Pública da Região Tocantina.
No local, os comunicadores ouviram as palavras do diretor regional de Segurança Pública, Francisco de Assis Ramos; do comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM); coronel Antonio Markus da Silva; e do comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar (14º BPM), coronel Edeilson Carvalho, que garantiram empenho nas investigações sobre o assassinato de Carvalho.
“O companheiro Carvalho, olha, era um amigo, apoiador, um homem trabalhador, que estava sempre acompanhando diariamente os fatos ocorridos na região; nós da associação, com o apoio de todos, estamos exigindo, das polícias Militar e Civil, do Tribunal de Justiça, que deem resposta mais rápida à sociedade em relação a este crime, que não deve ficar impune”, comentou Ozias Pânfilo, presidente da Airt.

Morte de Carvalho repercute nacionalmente

O assassinato do cinegrafista José de Ribamar Carvalho, conhecido por Carvalho, 48 anos, que tombou vítima de cinco disparos na noite de sábado (29), quando estava em um bar localizado na rua Monte Castelo, nas proximidades da TV Difusora, afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) em Imperatriz, na região central da cidade, repercutiu entre os diversos setores da comunidade local.
Logo após a notícia ser divulgada por meio do whatsapp, informações e comentários sobre o homicídio de Carvalho surgiram no Centro e em bairros de Imperatriz, com as pessoas buscando detalhes sobre o assunto, ou seja, atrás da motivação do crime. Interrogações e comentários também aconteceram no domingo (30).
No meio da manhã de domingo, por exemplo, assim que a reportagem saíra da Capela Mortuária da Igreja Santa Teresa d’Ávila, local onde o corpo de Carvalho estava sendo velado, deparou-se com populares atrás de informações sobre o assassinato, pois o profissional da imprensa era muito conhecido na cidade, tendo em vista trabalhar há vários anos no setor, cobrindo, principalmente, assuntos ocorridos na área policial.
No final da noite de sábado, porém, a notícia confirmando o assassinato de Carvalho ganhou repercussão nacional, por meio das redes sociais, sobretudo o facebook.
“Conheci o Carvalho, sempre assistia ao programa do qual ele era o produtor, ficando a par dos acontecimentos da área policial”, disse o vendedor Marcos Ferreira, acrescentando, ainda, tratar-se de uma pessoal receptiva e que “sempre estava nos meios populares”.
Na região central de Imperatriz e em bairros como a Nova Imperatriz, Vila Lobão e Bacuri, a forma como Carvalho morreu esteve em pauta entre populares durante todo o domingo. “Conhecia o Carvalho e o seu colega, o Vicente, que era o repórter do programa”, lembra Paulo Feitosa. O mesmo destacou o aposentado Antonio Firmino: “Vi as reportagens, olhando a forma como eles informavam”.

Familiares pedem justiça
Comovidos, familiares de José de Ribamar Carvalho pediram por justiça o tempo todo. Sentimento compartilhado por amigos, colegas de imprensa e setores da comunidade imperatrizense.
Durante o velório, cenas de comoção e dor, lamento pela morte abrupta e repentina de Carvalho, foram vistas em todos os momentos, principalmente quando o corpo teve de ser conduzido até o carro do serviço funerário.
Rafaela, uma das filhas de Carvalho, pediu para que as autoridades ouçam o clamor popular e não deixem o crime entrar para a galeria dos insolúveis.

Prefeito Madeira: “Um episódio lamentável”
O prefeito de Imperatriz, Sebastião Torres Madeira (PSDB), lamentou o assassinato do cinegrafista Carvalho, dizendo tratar-se de um profissional e, principalmente, de um pai de família.
“Muito triste, mais lamentável ainda por ser um trabalhador, um jovem, lutando pela vida, que atuava dia e noite, deixando órfãos cinco filhos; uma coisa de cortar o coração”.
A propósito da entrevista, o prefeito Madeira informou ter conversado com o diretor regional de Segurança Pública, dr. Assis, que garantiu empenho nas investigações. “Isso não vai trazer a vida do Carvalho de volta, mas se o crime não ficar impune, os bandidos pensarão duas vezes antes de tomarem medidas como a que ceifou a vida do profissional da imprensa, que era muito conhecido, principalmente entre os colegas da comunicação, fruto da forma em que trabalhava”.
O prefeito Sebastião Madeira aproveitou para informar ter participado, na semana passada, de uma reunião entre prefeitos e o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), do qual obteve a garantia de adoção “de fortes medidas que visem a diminuição dos índices de violência em nosso Estado”.
O Governo Municipal, por meio da Assessoria de Comunicação (Ascom), expediu nota de pesar e repúdio.

Vicente Pinheiro: “Carvalho tombou de forma covarde”

Há quinze anos trabalhando com Carvalho, que era o cinegrafista e produtor do Programa “Espaço Aberto”, atualmente exibido pela TV Tocantins, Canal 21, afiliada em Imperatriz da Central Nacional de Televisão (CNT), disse ter perdido mais do que um companheiro, um amigo.
“Um cara bacana, nós enfrentamos preconceitos, mas conseguimos vencer, tínhamos muitos projetos. Apesar das dificuldades, estava acreditando no futuro”.