Baterias e celulares jogadas no lixo comum contaminam águas subterrâneas e rios. Nessas condições, o ser humano fica exposto aos perigos causados pelo material químico desses produtos.
O professor-doutor em Química da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), Jorge Diniz, explica como produtos químicos contaminam as águas. “As baterias jogadas, por exemplo, no lixão são acumuladas no solo. Quando chove, os materiais “tornam-se” líquidos, entram na composição das águas e com certeza chegam a rios e poços”.
O professor ressalta que esses componentes têm potencial nocivo, mas o grau de prejuízo que podem trazer à saúde humana depende do nível acumulado no organismo, ou seja, o material se acumula no corpo e o processo de intoxicação pode levar anos. Jorge Diniz afirma: “Há um desequilíbrio nas quantidades presentes no corpo – pois temos esses componentes presentes em nós – e esse desequilíbrio causa doenças”. A contaminação é cíclica. Segundo o químico, produtos decorrentes de baterias vão para a água, um peixe pode ingerir partículas contaminadas e se tornar um agente contaminador para o homem.
O professor diz ainda que materiais como níquel, cádmio, zinco e lítio são os mais comuns na composição de baterias e pilhas. Essas sustâncias podem causar danos e, a longo prazo, até a morte do indivíduo contaminado: “Pode-se dizer que é uma morte a longo prazo”, conclui o professor.
Em Imperatriz, as lojas de celulares contam com caixas de coletas, tanto para baterias quanto para celulares já sem utilidade. Porém, em todas as revendas visitadas por O PROGRESSO, os números dos recolhimentos são baixos. A Tim informou que o programa de recolhimento e reciclagem existe, mas em Imperatriz os índices de devolução são baixos. Na loja visitada, apenas cinco baterias estavam na urna - colocada há dois meses.
Na Vivo também há uma urna. As devoluções, segundo informou a gerente, são poucas.
Na Claro, a atendente Ariadana Chaves conta que uma urna foi colocada há dois anos e todas as baterias recolhidas durante esse período continuam na caixa. Segundo a atendente, deve haver um número mínimo de material nas urnas para ser enviado ao fabricante e, devido ao baixo índice de devoluções, isso nunca aconteceu.
O professor-doutor comenta que a falta de divulgação pode ser o grande problema. “As empresas gastam muito com propagandas para dizer quem liga mais, quem ganha mais, porque não fazer dentro desse espaço a chamada para essas questões [de consciência ambiental]”. (Geovana Carvalho)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14236
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