Quase 15 dias depois de dar à luz ao pequeno Vitor, a dona de casa Maria das Graças Nunes Bahia, moradora de Abel Figueiredo, no Pará, pode amamentar o filho, nascido com oito meses de gravidez, que está internado na UTI do Hospital Regional Materno Infantil (HRMI), em Imperatriz, da rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O leite flui aos poucos, mas, para que isso fosse possível, houve a intervenção dos profissionais da unidade, que usaram a técnica da relactação para estimular a produção na mãe, que também permaneceu internada após o parto.
Segundo a diretora-geral do HRMI, Tassiana Miranda Brandão, o caso ilustra a rede de cuidados que se tem criado para gestantes, puérperas e seus bebês, em Imperatriz. "O que fizemos com a Maria das Graças retrata o que temos feito na maternidade, que é incentivar boas práticas para reduzir a mortalidade neonatal e fortalecer os vínculos entre mães e filhos", afirma.
A solução encontrada para estimular a produção do leite materno, a relactação, é uma adaptação em que uma sonda ligada a um recipiente com leite - proveniente do banco de leite - é colocada junto ao bico do seio, como um canudinho. Quando o bebê suga o seio, recebe o leite que sai da sonda. A sucção induz que a mulher produza leite. No caso de Maria das Graças, a produção aumenta gradativamente.
"Foi muito emocionante amamentar ele, chorei muito. É uma alegria muito grande ter um filho da gente. Não sei nem como explicar", afirma a mãe. Ainda em recuperação na enfermaria, a dona de casa diz que o momento mais feliz do dia é quando consegue visitar o filho na UTI, o que acontece uma ou duas vezes no dia. "É uma sensação incrível, às vezes amamento. Aproveito para fazer carinho, ele abre o olho, como se pedisse para acariciar", comenta.
Benefícios
A intervenção dos profissionais do HRMI foi fundamental para proporcionar a mãe e filho o vínculo emocional e os benefícios do aleitamento materno, como reforço da imunidade e melhora da saúde de ambos. "O atendimento é bom, tentam me explicar direitinho as coisas, tem paciência. A ajuda de todos aqui foi fundamental", diz a mãe.
Segundo a fonoaudióloga do HRMI, Talita Crema, era preciso estimular a produção, que ficou comprometida, devido aos nove dias na UTI materna. "Quando ela recebeu alta e veio ver o bebê, o peito já estava quase inteiramente seco. Primeiro porque não foi estimulado e depois por causa das medicações que recebeu. Quando resolvemos usar a relactação, nosso objetivo era estimular a produção", explica.
A insistência em garantir com que a mãe produzisse leite tem fundamento médico e científico. "A amamentação é importante para a recuperação de ambos. Cria-se o vínculo também. Para ela, ver que o filho está se saciando tem impacto emocional grande, ela não fica na agonia de achar que não vai alimentar o filho. E ele vai ganhando peso", ressalta Talita Crema.
Futuro
Aos 42 anos, Maria das Graças tinha o sonho de ser mãe, o que só conseguiu agora no segundo casamento. "Há uns dois anos engravidei, mas perdi o bebê. Aí engravidei de novo este ano, mas tive pressão alta na gestação. Vim para Imperatriz, porque não tinha vaga lá em Marabá. A pressão aumentou e precisou fazer o parto no dia 11 de novembro", relata.
Ainda internada na UTI, a preocupação com a própria saúde e com o filho recém-nascido só dava trégua quando olhava fotos de Vitor, que eram trazidas pela amiga acompanhante. Agradecida à equipe, ela agora aguarda ansiosa poder ir para casa e ter a família completa com o marido Francisco de Assis. "Quero que meu filho pegue peso para poder ir embora para casa. A casa agora vai ficar alegre", planeja a mãe. (Paula Boueri-SECAP)
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