Antes do início da sessão, condutores de vans compareceram à Câmara de Vereadores, onde fixaram faixas pedindo a criação do transporte alternativo

Hemerson Pinto

Manhã movimentada na Câmara de Vereadores de Imperatriz. Antes do início da sessão, dois grupos levantavam faixas e cartazes com pensamentos diferentes sobre o projeto de lei do vereador João Silva, que tem o objetivo de retirar do Plano Municipal de Educação o dispositivo que permite e orienta a escola a trabalhar com crianças a educação sexual, segundo o legislador, desde o ensino infantil.
A surpresa foi a leitura de uma medida da Justiça que impediu que o projeto fosse discutido e votado na sessão de ontem, ordenando que a matéria (projeto a ser votado) fosse retirado da pauta e que a que a Câmara convidasse a população para debater o assunto antes de marcar uma nova data para a votação.
Um dos grupos de opiniões divididas era formado por representantes de igrejas evangélicas da cidade e a Associação dos Pastores Evangélicos de Imperatriz, enquanto o outro reunia estudantes e representantes de movimentos sociais e comunidade LGBT.
Para o vereador João Silva, “o Plano Municipal de Educação traz nas estratégias a matéria que não satisfaz o âmbito familiar, pois incentiva na escola a prática precoce do sexo, estimulando, por exemplo, o uso do mesmo banheiro por meninas e meninos, coisa que a família imperatrizense não está preparada para isso. Quero suprimir dessa meta. Cabe a mim fazer um projeto para retirar aquilo que acho que não é legal. Isso induz a prática precoce do sexo nas escolas. Não é preconceito, longe de ser preconceito, mas o que eu não quero na minha família não quero para sua família. Permitir que crianças se toquem na escola e digam para a ‘tia’ o que estão sentido. Que conheçam isso, mas de forma espontânea”, declara.
Na opinião do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, “a educação já tem os pilares e neles já se incluem os valores que devem ser ensinados à criança. Não há necessidade, com base nesses valores, de tal proposta no plano. A escola já ensina a criança a viver em harmonia, respeitar o próximo, não há necessidade que tal proposta esteja no Plano Municipal de Educação, deve ser discutida no lar, na família”, diz o presidente Ricardo Seidel.
“A ideologia de gênero estabelece que a educação sexual seja feita na escola. Isso foi inserido no Plano Municipal de Educação e nós entendemos que é papel da família educar os filhos nesse sentido e não a escola. A igreja evangélica de Imperatriz é totalmente contra”, é a declaração de Paulo Sérgio, presidente da Associação dos Pastores Evangélicos de Imperatriz.
Uma das líderes de movimentos sociais na cidade, Conceição Amorim, apoiou o grupo que é contra o projeto que prevê a alteração. “Há uma deturpação. Gênero não é uma ideologia e uma categoria analítica que estuda as relações entre homens e mulheres, como se comportam na sociedade, como têm ocupado a política, os espaços sociais. Mas os líderes religiosos confundem a cabeça das pessoas dizendo que é ideologia. Discutir gênero na sala de aula é ensinar as crianças a se respeitarem e garantir que os meninos gays e meninas lésbicas sejam respeitados”.
“Acho que eles estão querendo suprimir, vemos muita gente gritando aqui em favor da família como se os movimentos LGBTs  não fizessem parte da família. Esse movimento é em defesa das famílias, todos da comunidade LGBT precisam ser respeitados na escola e fazem parte da família”, conclui o jornalista Welbert Queiroz.
Depois da leitura da medida judicial que impediu que o projeto fosse votado na sessão de ontem, os dois grupos continuaram suas manifestações pela Câmara de Vereadores. O vereador João Silva afirmou que vai conversar com os outros vereadores sobre a promoção de um debate na Câmara para se ouvir a sociedade a respeito do assunto.
Outras - Os vereadores deram sequência à sessão e aprovaram uma Moção de Honra aos policiais Jesivan Oliveira de Aguiar, Wilson Castro do Nascimento e Jairo de Sá Macedo, ambos do 3º Batalhão da Polícia Militar, pela atuação e bravura na ação que resgatou uma família de um cativeiro, fato ocorrido no último dia 22, quando prederam os sequestradores. A Moção de Honra foi sugerida pelo vereador Rildo Amaral.
Outras indicações foram aprovadas, como a manutenção do cemitério Jardim das Rosas, na Vilinha (vereador Adonilson Lima); reforma e ampliação da Escola Municipal Mutirão, na Avenida Newton Belo (vereador Buzuca); e conclusão da obra do posto de saúde do Parque do Buriti (vereador Carlos Hermes).
Entre os projetos de lei que foram encaminhados às comissões competentes, um que trata sobre cargo e carreira do condutor de ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Alguns profissionais do Samu estiveram presentes.