Elson Araújo

Desde criança que é tocado a desafios. Agora mesmo, mais precisamente dia primeiro de maio, saiu de Amarante, sudoeste do Estado, na direção de Fortaleza (CE). Nada de carro, cavalo ou bicicleta, Edilson Lima de Azevedo, mais conhecido por "Edilsão de Fama", iniciou os mais de mil quilômetros que separam Amarante da capital alencarina a pé e, assim, o fará até o fim da viagem, prevista para o início de junho.
Não é a primeira vez que o Edilsão de Fama se aventura a percorrer a pé grandes distâncias. Antes desses mil quilômetros até Fortaleza, fez uma espécie de ensaio indo de Amarante até a cidade de Formosa da Serra Negra (MA), uma viagem de 140 quilômetros que ele disse ter tirado em quatro dias.
Ninguém estranharia o fato se o protagonista dessa aventura fosse um jovem e não um senhor na casa dos 80 anos que esbanja vitalidade física e mental.
"Tem dia que acordo de madrugada procurando uma dor qualquer e não acho", disse ele bem humorado à reportagem, alguns dias antes da viagem, da qual muita gente em Amarante duvidava.
Tal qual o personagem do filme Forrest Gump, de 1994, estrelado pelo americano  Tom Hanks, o  "maranhense"   nascido em Iguatu -  interior do Ceará - gosta  de  viver  e contar  histórias  mas,  diferente do personagem  central da película  americana, tá longe de ter o raciocínio lento,  isso fica claro quando passa a narrar suas aventuras da infância até hoje aos 80 anos recém-inaugurados. São tantas  histórias vividas que o neto dele  Antonio Franco Almada Azevedo resolveu resumi-las   num cordel comemorativo aos 80 anos do avô  denominado de "Edilsão de Fama: o cabra mais corajoso do mundo".
É dessa forma que Antonio Azevedo apresenta o avô:

"Com sua mãe, dona Antônia
Passou por dificuldade
Com o abandono de seu pai
Sempre em outra cidade
Assumiu o trabalho de casa 
Tendo a primeira roça brocada. 
Com apenas dez anos de idade"
"Não conto minhas histórias  para me engrandecer, mas para servir de exemplo", disse ele ao se referir a muitos da sua idade que já não têm mais motivação para nada e até desistem de viver.

Hábito
Segundo "Edilsão de Fama", o hábito de fazer caminhada começou para resolver problemas de saúde. Começou fazendo pequenas distâncias e foi aumentando aos poucos e não conseguiu mais parar.
"Hoje me sinto disposto igual era aos 70", diz orgulhoso ao declarar que a caminhada devolveu a ele pelo menos 10 anos.
A causa disso tudo, prosseguiu, é mostrar que para atingir um objetivo muitas vezes   as pessoas precisam ser desafiadas e a partir desse desafio,   traçar metas e correr atrás delas. "A vida me desafiou a melhorar minha saúde. Aceitei! Hoje não sinto nada e, acredite, remocei pelo menos dez anos", garantiu.
Sobre o avô o  neto  cordelista ainda escrevinha:

Um dia disse meu jovem 
Tudo é motivador 
Faço pra quem acredita 
Provo para quem acreditou
Nesses desafios da vida
Tô procurando ainda
Quem com ele (Edilsão) empatou.
 
Outra pintura marcante
Na vida do Edilsão
É ter resposta pra tudo 
Sem muita enrolação
Sempre com sinceridade
Joga duro a realidade
Sem temer repreensão
 
Nutro por meu avô 
Um orgulho profundo
Seu exemplo de coragem 
Não esqueço um só segundo 
O carro de boi na 
minha mesa 
Me dá todo dia a certeza 
Que um homem 
pode mudar seu mundo.
 
Edilson Lima Azevedo  chegou ao Maranhão com um ano de idade morando primeiro em Pedreiras. Conta que chegou com a família àquela cidade no lombo de jumento com o pai Moisés e a  mãe, dona Antônia. Aos 15 foi alfabetizado. Naquela ocasião, recebeu um  desafio: o de  em 30 dias aprender a ler e a escrever, o que acabou acontecendo.  Casou-se aos 19 anos, constituindo a partir dali  numerosa família.  Acabou, por força das circunstâncias da época, se radicando em Amarante, onde nas palavras de seu Neto,  Antonio Azevedo, se consolidou como "o cabra de valentia que todos conhecem hoje em dia pelo nome de Edilsão".