Violeta durante entrega do material ao curso de Jornalismo

O curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em Imperatriz, recebeu recentemente obras de José Matos Vieira, um dos pioneiros da comunicação na cidade. A doação foi realizada por sua filha, Violeta Valadares Vieira, que cedeu ao acervo setorial quatro volumes, contendo exemplares desde a edição número 1 do jornal O PROGRESSO até as edições de 1975. Além disso, um livro autobiográfico de José Matos e outras obras raras sobre a história de Imperatriz também foram doadas.
Violeta Valadares conta que o pai sempre teve paixão por escrever. Quando a família veio de Marabá (PA) para Imperatriz, ele montou uma gráfica e uma livraria e acabou se tornando um dos homens bem sucedidos na cidade. O empresário e jornalista fez história ao fundar o primeiro jornal em circulação na cidade. “Quando meu pai faleceu, me pediram [as edições] e eu decidi não doar, pois ainda estava muito apegada à memória dele. Agora pensei melhor e decidi doar, porque sei que a história dele vai ter uma continuação e as pessoas poderão saber quem fundou a imprensa em Imperatriz”, revela Violeta.
Para fundar o jornal, Matos comprou as máquinas em São Paulo. Sem muito alarde, o jornal entrou em circulação no dia 03 de maio de 1970. O nome O PROGRESSO resumia bem o momento histórico e econômico que a cidade de Imperatriz vivia na época. No início, as edições do jornal eram semanais. Com a compra de uma linotipo e novas máquinas, o noticioso passou a circular duas vezes por semana. Em 1975, por cansaço e por não ter retorno financeiro, José Matos resolveu vender o jornal. Violeta confessa que “está feliz por saber que a obra do pai está guardada, bem conservada e que vai servir para futuras gerações”.
A coordenadora do acervo e professora do curso de Jornalismo, Thays Assunção, avalia positivamente a doação das obras. “É uma doação muito significativa para nosso curso e para a memória da cidade, pois além de ser expressiva em quantidade, também se caracteriza pela qualidade do material”, destaca. Ainda de acordo com a professora, os alunos ganham uma boa fonte para pesquisa sobre a história de Imperatriz. “A comunidade também pode utilizar o acervo, que está aberto todas as tardes, de segunda a sexta-feira, no campus Centro”.
José Matos Vieira nasceu na zona rural de Caxias (MA), em 1922. Aprendeu a técnica de imprimir na tipografia de um tio. Começou a vender jornais ainda na infância e peregrinou por várias cidades do Maranhão, Pará e Goiás. Trabalhou com serviços braçais e intelectuais, mesmo sem ter formação acadêmica. Apaixonado pelo jornalismo, fundou na década de 70 seu próprio jornal, acreditando que um veículo de formação de opinião contribuiria ainda mais para desenvolvimento da região. Pai de 10 filhos e esposo de dona Vicência, “Zé Vieira”, como era conhecido, morreu em 2013. (Assessoria/UFMA)