Sua vinda e estada em Imperatriz?

Mara— Cheguei nesta cidade com 19 anos de idade e elegi esta terra como minha terra; nasci em Belém, mas escolhi morar em Imperatriz. Não foi uma imposição, mas sim uma escolha. Tive oportunidade de retornar à capital paraense, mas não quis, mesmo em uma situação muito adversa ao que nós vivemos hoje, pouquíssimas ruas asfaltadas, era uma situação (fama de pistolagem muito grande), mas eu me encantei por Imperatriz e não me pergunte por que, pois naquela época, a não ser o rio Tocantins, muito poucas coisas poderiam encantar uma mocinha de 19 anos. Cheguei aqui casada, fomos morar na vila militar e eu disse que daqui não sairia mais e não me arrependo, porque tudo que tenho, tudo que sou e a família que eu construí foi um grande presente de Imperatriz.

Profissão?

Mara - Bem, sou bacharel em Direito e diria que microempresária, atuando na promoção e realização de eventos: festas de formatura, casamento, 15 anos, aniversários, confraternizações, enfim, todo tipo de serviço que se configure em eventos.

Dada sua atuação como agente social, você já foi indicada e/ou recebeu alguma homenagem?

Mara  -  Sim, sim, recebi a comenda Frei Manuel Procópio, a maior honraria que um cidadão e uma cidadã imperatrizense poderia ter, na verdade eu residia em Imperatriz, como disse, há mais de 30 anos, mas ainda não era cidadã. Através desse título, dessa honraria, passei a ser de fato e de direito cidadã, o que pra mim é de grande valia. Eu me tornei comendadeira de Imperatriz, e isso fez com que minha responsabilidade para com essa cidade fosse ainda maior.

Religião

Mara - Sou católica, apostólica romana. Vejo que a igreja católica passou e passa por grandes transformações e é preciso que nós estejamos muito atentos, e agora com a chegada do Papa Francisco, muito a nossa igreja veio a ganhar. O mundo todo veio a ganhar. É, sim, uma grande igreja e eu me sinto parte dela.

Respeito à diversidade de credo

Mara – Respeito, por entender que, quanto à fé, não se impõe, mas esta suscita no coração da pessoa a partir da escuta da palavra de Deus. Respeito a pessoa como tal, suas aptidões e anseios e, claro, suas opções e/ou orientações sexuais, por exemplo. Acredito muito no respeito mútuo, cabe a mim aprender a conviver e aceitar as diferenças sem julgar.

Qualidades?

Mara - Não abro mão da honestidade, mesmo sabendo que ser franca, objetiva e verdadeira. Vejo que quando você prima pela verdade e desafia tal verdade, as pessoas acham que estás querendo ser acima do bem e isso tem uma consequência quando você é muito verdadeiro, mas eu prefiro as consequências de ser verdadeira do que me omitir, ser falsa em pensamentos e fazer com que as pessoas tenham uma imagem que não condiz com meu eu, Mara La-Rocque, é importante que as pessoas saibam com quem estão lidando, como eu sou e o que eu penso.

Falar de virtude foi meio difícil,
e falar dos defeitos?

Mara - Muitos, muitos, vaidade, mas todas nós mulheres temos essa vaidade, eu acho que isso nos diferencia do sexo masculino, entretanto hoje já se vê muitos homens que aderiram à vaidade. No que se refere à estética, essa era exclusivamente feminina, hoje em dia ela está sendo compartilhada porque o ser humano vê que há necessidade também de ele se cuidar, visto que a aparência faz parte do teu cartão de visita, 

O que mais lhe irrita?

Mara - Violência contra a mulher, isso me provoca uma indignação tão grande que eu parto para briga mesmo que seja para apanhar junto, eu não consigo me conter, eu vou para briga. Me indigna que um homem, que sabe ter força física maior que a da mulher, oprima-a tanto psicologicamente quanto a agressão física, me irrita profundamente qualquer atitude de um homem que oprima e/ou ofenda uma mulher.

Crianças e adolescentes, 
uma consideração

Mara - Acho que hoje a gente vive uma era diferente. Na minha época a gente levava uma palmadinha aqui, outra acolá, ficava de castigo e hoje a gente vê que as crianças e os adolescentes têm outra postura diante da família, uma postura às vezes até de agressividade, querendo impor suas vontades, isso por não estar sendo trabalhado o caráter daquela criança, o que precisa ser feito, mas sem o castigo físico ou a chamada tortura psicológica, para que a criança tenha e desenvolva uma vida sócio participativa tendo a noção dos limites, visto ser um animal racional, pois viver em sociedade é ver que onde termina seu direito ali começa o do próximo. A sociedade está invertendo esses valores, isso pela falta de formação da criança e de assistência individualizada ao adolescente, visto que este está em processo de formação, daí a importância do acompanhamento não só da escola, como vemos. O ideal é que haja uma repartição, um compartilhar responsabilidades  entre família, escola e religião.

Está havendo carência na distinção entre disciplina e punição (violência)?

Mara - Com certeza, não se propõe limites e até mesmo nas escolas o uso de uniforme está sendo contestado e que fique bem claro que quando existe uma carência por parte da família, esta deve ir à direção da escola, à promotoria e à assistência social, pois ela tem maneiras de fazer com que seu filho, sua filha cumpra a regra da escola e passe a frequentar aulas devidamente uniformizada. Claro que não é o uniforme que mede a capacidade de aprendizado, mas o uniforme serve também como disciplina e identificação da pessoa na condição de estudante. Inclusive, penso que seria melhor aplicada a contribuição do Bolsa Família na compra de materiais escolares, de modo a garantir o desempenho do aluno.

Mara La-Rocque já exerceu algum cargo no serviço público?

Mara - Secretária adjunta da Secretaria Extraordinária do Sul do Maranhão, no governo Jackson Lago. Dentro dessa secretaria organizei e criei o primeiro consórcio intermunicipal do Sul do Maranhão junto à região tocantina, embora não tivesse levado os méritos disso, tivessem me tirado todos os méritos desse feito e que não tenha restado realmente aquilo que a gente se propôs a fazer, que foi realmente profissionalizar a população desses municípios,  como uma forma de autonomia financeira. Elaborei isso com muita vontade de acertar, essa foi minha participação junto ao governo do Estado.

Como surgiu o interesse
pela política participativa?

Mara - Bem, quando você é criança, e você é orientada a saber dividir o pouco que tinha com as pessoas que estavam necessitando você acaba criando esse vínculo, que eu acho assim muito salutar, não dividir o que sobra, mas dividir o que se tem dando ao outro o que ele precisa. Então, nesse aspecto, eu comecei a ter essa visão social com a minha mãe, que era uma mulher muito generosa, uma mulher que muito me orgulha, então somos uma família de muitas mulheres, e todas nós, todas, absolutamente todas, trabalhamos. Na fase de adolescência, já participávamos de grêmios estudantis nas escolas e eu sempre fazia com que todas as reivindicações dos estudantes pudessem ser ouvidas pelas autoridades escolares, sempre participando ativa e cuidadosamente, então qualquer forma que eu pudesse auxiliar eu estava sempre presente, acho que isso é uma coisa minha, nasce de dentro de mim.

Política partidária?...

Mara - Então, quando eu cheguei aqui no Maranhão, a primeira vez que eu participei de um pleito eleitoral foi na primeira candidatura do deputado Madeira e depois para prefeito, eu lembro que Cid Carvalho me notou no meio da multidão e disse para mim assim: eu tenho certeza que você ainda vai ser uma grande liderança aqui em Imperatriz e região, e eu achei graça. Depois vim a militar dentro do Partido Democrático Trabalhista - PDT, no qual creio ter sido a primeira mulher presidente do partido em Imperatriz. Nós fizemos um trabalho, aqui não quero citar nomes, mas foi um trabalho de grupo e que nós elevamos o nome de Dr. Jackson Lago (in memória), um nome de grande expoente na cidade de Imperatriz. Eu hoje ouço pessoas dizerem: por que Jackson teve um eleitorado tão fiel em nossa região? Eu digo que esse grupo era de pessoas que amam Imperatriz, então ele viu nossa cidade por esta ótica e a partir disso ele também teve esse amor e, quando a gente é amada, há reciprocidade, veja que a cidade também respondeu com o mesmo amor a ele, porque se sentiu amada pela primeira vez, correspondeu nas urnas, e foi uma questão de amor recíproco, digno de confiança.
                                                                               
Mara, a gente escuta sempre 
a expressão Comunidade. 
O que isso significa para você?

Mara -  Comum a todos. O político tem que inovar, fazer de forma correta, não se pode mais fazer política comprando lideranças, que representam a comunidade e depois esses compromissos ficam só na compra desse líder e a comunidade continua órfã de qualquer benfeitoria que esses políticos deveriam levar, isso seja no caso de vereador, deputados estadual e federal, senador e dos governos: municipal, estadual, distrital e federal. Veja bem, os deputados e senadores têm que colocar emendas e projetos  auxiliando o poder executivo, mas, para que isso aconteça, tem que existir sintonia acima de tudo, transparência, pois o que a gente vê hoje são emendas locadas já com um percentual significativo sendo subtraído. Eu acho que os políticos brasileiros recebem muito bem para exercer os cargos, logo creio que não precisam desses subterfúgios para poder cumprir com seu dever, que é servir a comunidade.

Mara La-Rocque se propõe
a ser deputada por quê?

Mara - Tudo que eu tenho devo a essa cidade, minha família, meu trabalho, meus filhos, meu marido, nosso hospital, eu tenho que de alguma maneira retribuir. Não é fácil fazer política, sobretudo neste ano, pois todos ou quase todos te avaliam como a grande maioria de “políticos” corruptos, sanguessugas e covardes, mas é preciso que a população de alguma maneira saiba separar o joio do trigo; quando você se coloca à disposição, é como se você se colocasse no mesmo balaio de gatos. Mas é preciso que haja uma corrente do bem, que se faça a corrente do bem, porque o crime é organizado, eles se financiam, eles saem para rua com megacampanhas, correm atrás e o bem, não; o bem acha que só em votar numa pessoa que aparentemente é do bem é suficiente, mas não é, nós precisamos fazer e fortalecer essa corrente que eu tenho proposto para Imperatriz, e região tocantina e em todo o Estado do Maranhão, para que a gente possa realmente fazer essa corrente do bem prevalecer. É preciso que a população saiba que existem pessoas honestas e que a gente pode representá-las, mas é acima de tudo saber que esse voto é a grande arma de transformação.

Que bandeira de luta Mara La-Rocque vai levantar e se propor a defender?

Mara - Em primeiro lugar nós mulheres somos em média 53% da população e em vista disso, eu não vi nenhum trabalho de nenhum deputado (a) da nossa região para que fosse feito algo transformador na vida da maioria da população, que somos nós as mulheres. Por isso proponho, como deputada, através de leis e emendas parlamentares:
1º- Aumentar significativamente o número de creches, de 0 a 4 anos, visto que a mulher trabalhadora, ou ela está compartilhando as despesas da casa com o marido ou ela está bancando sozinha essa despesa, por isso ela precisa desse apoio, ter onde deixar seus filhos para trabalhar com tranquilidade.
2º- Aumentar o número de escolas de tempo integral, como ferramenta de aumento de conhecimento e redução da violência entre e/ou por parte de crianças e adolescentes; tendo em vista que a escola é o melhor local para essa geração e não nas ruas, como acontece hoje.
3º- Aumentar a profissionalização de mulheres e homens para o mercado de trabalho.
4º- Na área da saúde, nós estamos trazendo para o Hospital São Rafael a Radioterapia, isto nos possibilita oferecer um tratamento completo e digno às pessoas acometidas pelo câncer.
5º- Criar o hospital de câncer infantil, pois é praticamente inconcebível uma mãe ter que deixar três ou quatro crianças sozinhas ou em companhia de terceiros para pode sair de Imperatriz em busca de tratamento para seu filho.                                                            
6º- Hospital da mulher, uma casa de saúde que possa atender integralmente a mulher.                                                                                                                                     
7º- Trabalhar para a criação do primeiro conservatório de música de Imperatriz, com referência em valoração das artes.
Sonho e trabalho diuturnamente para me tornar a  primeira mulher eleita deputada estadual por Imperatriz. É impressionante como cidades com menor potencial de voto já amadureceram politicamente e elegeram deputadas. Imperatriz infelizmente ainda não, mas estou convicta que estamos no caminho certo e a valorização da participação das mulheres na política irá fazer com que esse sonho seja uma realidade.

Frase
Achamos qualquer desculpa para não votar em mulheres, mas não achamos nenhuma qualidade para continuarmos votando somente em homens. (Mara La-Rocque)
(Assessoria – Antonio Sousa Silva)