Geovana Carvalho
O mosquito palha vive em lugares de clima quente e úmido. Menor que o mosquito transmissor da dengue, o mosquito palha – tem esse nome pelo aspecto que ganham suas asas quando os raios solares refletem-se nelas – é responsável por doença tão perigosa quanto a dengue: a leishmaniose.
A leishmaniose se apresenta no ser humano de três formas: ferida brava, leishmaniose difusa e calazar. A professora doutora em Medicina Veterinária e Biologia, Geovania Braga, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), estudiosa do assunto, explica cada tipo e descreve o quadro da doença em Imperatriz.
Segundo a pesquisadora, a popular ferida brava apresenta altos índices de infectados em Imperatriz e uma das justificativas para isso é a cultura do imperatrizense sentar ao fim da tarde na porta de casa: “Aqui em Imperatriz as pessoas sentam na porta de casa, no final da tarde, com as pernas expostas. Pode ter uma árvore e lá pode estar o mosquito”. A professora pondera: “Mas para infectar alguém o mosquito precisa estar contaminado com a doença”.
Outra forma bastante comum da infecção em Imperatriz, conforme a professora, é o calazar, o tipo mais conhecido e reconhecível de todos. A pesquisadora alerta para o fato de que a contaminação do indivíduo é atribuída ao cachorro, no entanto o animal, para ser agente de transmissão do calazar, é necessário ter sido picado pelo mosquito palha: “O cão é o grande vilão. As pessoas colocam a culpa no cachorro, mas o próprio mosquito pode estar alojado dentro de casa e picar alguém”. O indivíduo com calazar tem febre, apresenta crescimento da barriga e feridas pelo corpo. As feridas desaparecem com o tempo, os principais danos – desse tipo da leishmaniose – são internos, já que as vísceras são afetadas.
Já o terceiro tipo da doença, a leishmaniose difusa, acomete o indivíduo por inteiro, ou seja, todo o corpo do doente é comprometido pela infecção. Além de febre, o doente apresenta nódulos pelo corpo, em geral na região das orelhas. As feridas não saram e, segundo a pesquisadora, pode ser confundida com hanseníase.
O desmatamento que sofreu Imperatriz nas últimas décadas é em parte responsável pelo aumento do número de casos. Além disso, o acúmulo de lixo nas proximidades das casas favorece a reprodução do mosquito.
O combate ao principal agente transmissor da leishmaniose, de acordo Geovania Braga, é a borrifação. “Antigamente tinham os carros fumacês, que eram muto eficazes contra o mosquito, mas a borrifação é eficaz. Além disso, os agentes de saúde podem orientar as pessoas, juntamente com o trabalho de combate à dengue”.
A pesquisadora preferiu não revelar números, mas garante que os índices são alarmantes. A incidência de cães contaminados em Imperatriz, diz a professora, chega a 65% de toda a população canina da cidade.
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