Geovana Carvalho
A loja especializada na compra, venda e troca de livros usados tem origem na Europa do século XVI, quando mercadores começaram a vender a pesquisadores documentos importantes da época.
O nome sebo vem do tempo em que não havia energia elétrica e as pessoas liam à luz de velas. Ao passar as páginas, os dedos ensebados pela gordura das velas impregnavam o papiro ou as folhas.
O único Sebo de Imperatriz conta hoje com um acervo de dez mil livros. A proprietária Elizabeth Miranda Marinho conta que a clientela é diversificada: “Do caviar à rapadura vêm comprar livro aqui. O pobre, o rico, o universitário, o formado...”. Elizabeth conta que hoje o Sebo é bastante procurado, porém nem sempre foi assim. Segundo ela, no começo as pessoas tinham preconceito em comprar livros usados: “Uma vez, bem lá no começo, chegou um homem aqui e nem desceu do carro, fui até ele e ele disse que tava com uma lista de materiais escolares do filho da empregada dele e perguntou por quanto saía tudo. Mas era para os filhos dele”, afirma.
Elizabeth diz que viajava muito com a mãe, morou 17 anos no Rio de Janeiro, de onde trouxeram a ideia de montar a loja de livros usados. Ela afirma que não saberia fazer outra coisa, diz gostar muito do que faz.
As novas tecnologias afetaram os negócios. Ela conta que com a popularização da internet, as vendas caíram 80%. “As pessoas querem tudo pronto hoje em dia, preferem baixar um conteúdo ou um livro e às vezes até o trabalho pronto do que ter que ler. Conversei com alguns donos de livrarias e eles disseram que também sentiram as quedas... Aí as pessoas dizem: Ah, em Imperatriz não tem livraria, mas elas não têm como sobreviver desse jeito”, desabafa a vendedora.
Mesmo com a crise, Elizabeth revela que a literatura clássica brasileira e o cordel são as obras mais procuradas: “Os clássicos são os preferidos dos estudantes de ensino médio e o cordel tá no ‘auge’, procurado por causa das reportagens da televisão e pela novela”.
A compra de livros usados no Sebo pode custar até 80% mais barato do que numa livraria convencional. Porém, as trocas também são comuns: “Conteúdos iguais, trocamos dois [livros] por um. As pessoas têm que entender que o Sebo precisa ter retorno, nos grandes centros há filas para comprar em sebos”.
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