A despedida traumática da Seleção Brasileira da Copa do Mundo “bole” com a emoção dos brasileiros, que mesmo sem aquela confiança toda, no fundo estavam “à espera de um milagre” para comemorar a conquista do hexa, embora tendo sob seus olhos um time sem um esquema tático definido e perdido nas quatro linhas do gramado. A alegria, o entusiasmo, o incentivo do torcedor de nada adiantaram. A seleção canarinho perdeu para ela mesma, e depois caiu de joelhos diante da humilde, disciplinada e coesa Seleção Alemã. Como diria um conhecido e folclórico citadino, “acabou”.
A ressaca da “fla-gorosa” derrota ainda é grande e busca-se culpados pela pior das campanhas do Brasil em Copas do Mundo da história. Os 200 milhões de técnicos tentam deglutir a humilhação ao mesmo tempo em que procuram entender “onde foi que erramos”.
Teria sido excesso de confiança ou instabilidade emocional? Falta de um verdadeiro líder em campo, ou teria sido a teimosia do bruto do Felipão? A ausência de um esquema tático ou teria sido culpa da Dilma?
Cem anos irão se passar e os Galvões da vida continuarão nas copas futuras se perguntando: O que teria ocorrido com a Seleção Brasileira de 2014 derrotada pela Alemanha pelo elástico placar de 7X1? A mancha ficou.
Diz-se que, e é uma verdade, aprendemos muito com os erros. E aqui vou atacar de “Poliana” e recorrer ao tão conhecido jogo do contente para como brasileiro, por não entender com exatidão o que ocorreu, tentar me conformar com o vexame da Seleção.
Ao aplicar o jogo do contente, poder-se-ia dizer que a coisa seria pior se os 7x1 fosse na final; ou mais sofrido se a derrota tivesse acontecido nas eliminatórias, como ocorreu com a seleção espanhola. Outro consolo seria dizer: “se a seleção não tivesse sido derrotada, o brasileiro ainda estaria anestesiado diante da hoje dura realidade nacional”.
Sim, a seleção errou, foi humilhada e pagou caro pelos erros, e daí? Fomos derrotados, mas também vencemos, mesmo que sofridamente, algumas partidas. E o Júlio Cesar, que pegou três pênaltis, não conta não?
Bem, ainda no jogo do contente, podemos dizer que perdemos, contudo sobrevivemos e ainda vamos disputar o terceiro lugar da competição. Não é a glória? Chegamos mais longe do que os portugueses, os franceses, os Estados Unidos e mesmo os campeões espanhóis. Agora, como acontece no mundo real, é aprender com os erros já tipificados pelos milhões de brasileiros, corrigi-los, não baixar a cabeça, conquistar o terceiro lugar, se reinventar e se preparar para a conquista do hexa daqui a quatro anos.
Na coluna da semana passada, destacava que era bom para o País viver estes momentos de alegria, euforia, e em alguns instantes até êxtase diante dos jogos da nossa seleção, e que era ótimo saber que cada brasileiro tem guardado dentro de si o amor pelas coisas do nosso povo e constatar que tal sentimento pode ser acessado em outras ocasiões que não seja a copa, o carnaval ou a eleição. A vida continua, vitórias e derrotas continuarão a fazer parte do nosso dia a dia, não só no futebol, mas também em outros campos.
Pois bem, que o sabor das vitórias alimente a crença de que ainda temos o melhor futebol do mundo, que o amargor dos 7x1 nos ensine, de verdade, que somos falíveis e que o coletivo deve sempre prevalecer sobre o individual.
*Elson Mesquita de Araújo é jornalista
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