Raimundo Primeiro entrevista Marcone Marques
Marcone Marques e a esposa, Ioneide Marques

Neste sábado (24/08), O PROGRESSO publica trechos da entrevista concedida pelo empresário Manoel Marcone Marques a TV O PROGRESSO WEB. O empreendedor falou com exclusividade sobre sua trajetória ao Programa "Nossa Gente", cuja exibição, inédita, acontece às 11h e às 22h, hoje (sábado). Depois, haverá reprise. A primeira, no domingo (26). A outra, na terça-feira (27 de agosto), sempre às 11h e às 22h. A entrevistará ficará disponível nas plataformas digitais, entre as quais, o Facebook. 

O empreendedor conta sua história para o jornalista Raimundo Primeiro, âncora do programa. Fala sobre a vida dura que teve - ele e sua família - até ser o empresário de sucesso dos dias atuais. Fez de tudo um pouco. De vendedor de bananas, geladinhos, a office-boy do Juçara Clube. Projeto alimentado durante anos, a TOK BOLSAS, saiu do papel e transformou-se numa consolidada e reconhecida empresa em virtude da determinação do homem que saiu de Morrinhos (CE), em 1972, menino para fixar, com a família, residência na outrora Imperatriz, cujos sinais de desenvolvimento apareciam gradativamente. Aos 9 anos, em 1982, Marcone perdeu o pai. Com a mãe, teve de trabalhar duro para garantir alimentação e educação para os 6 irmãos. Marcone Marques também foi limpador de piscinas.
Marcone Marques, além de integrante da Maçonaria, é diretor para Assuntos da Microempresa da Associação Comercial e Industrial de Imperatriz (ACII). Também presidiu a Associação dos Lojistas do Calçadão (ALC). Por ele capitaneada, a TOK BOLSAS tem por missão oferecer produtos de qualidade com preços acessíveis, firmando-se como referência no mercado de forma a contemplar e satisfazer seus clientes e colaboradores. 
"Nossa missão é agregar valores aos colaboradores, visando maior nível de conhecimento no mercado e uma melhoria contínua no atendimento ao cliente, garantindo sua satisfação e atingindo a liderança no ramo de bolsas e acessórios na região tocantina". A empresa TOK BOLSAS fica localizada na rua Coriolano Milhomem, 1739, entre os dois calçadões da avenida Getúlio Vargas, centro comercial. 

O PROGRESSO - Quem é Manoel Marcone Marques?

MARCONE MARQUES - Meus pais, procedentes do Ceará, vieram para cá em busca de melhorias. Sou um cidadão que chegou em Imperatriz em 1972. Tive o imenso privilégio que meus pais escolheram o Maranhão, principalmente Imperatriz. Faço parte de sua história. Observei diversos ciclos pelos quais a nossa cidade passou, inclusive do ouro, do Garimpo de Serra Pelada (PA), da castanha e do arroz. "Tudo isso eu vi passar". Portanto, sinto-me um imperatrizense. 
Só não nasci aqui, mas amo a cidade de coração. Não existe uma vice-capital, só que Imperatriz é a "vice-capital do nosso Estado", a segunda do Maranhão e, por sinal, muito forte. Uma cidade rica, de pessoas que têm o compromisso com o seu processo de desenvolvimento. Imperatriz tem uma história muito bonita. 
Até Anápolis (GO), estamos na maior cidade que margeia a BR-010, mostrando seu incontestável potencial de crescimento. Não é à que Imperatriz é chamada de a "galinha dos ovos de ouro", encontrando-se geograficamente centralizada, ou seja, no meio de quatro capitais, num raio de 700 quilômetros: São Luís (MA), Belém (PA), Teresina (PI) e Palmas (TO).

O PROGRESSO - Você é de uma família relativamente grande. Quantos irmãos?

MARCONE MARQUES - Somos seis irmãos. Perdi meu pai aqui, aos 9 anos. Minha mãe teve duas opões: retornar para sua terra natal ou ficar. Graças a Deus, ela decidiu ficar em Imperatriz. Considero a cidade como minha "segunda mãe", pois acolheu-nos, abraçou-nos, deu-nos a oportunidade de continuarmos com as nossas vidas, de prosperidade. Viemos de uma família humilde. Sempre falo não existir pobre, mas pessoas humildes, a exemplo de nós, da nossa família. 
Lembro-me, muito bem, de o Lixão de Imperatriz ficar localizado nas proximidades do Cemitério Campo da Saudade, na região do bairro Santa Rita. Quantas vezes tiramos nosso sustento de lá. Conto a nossa história, não com a intenção de que as pessoas tenham pena do Marcone [de mim]. Meu propósito é que minha história sirva de inspiração, principalmente para os nossos jovens, que têm todo um futuro, que possuem conhecimento e, às vezes, ficam se questionando: "eu não nasci numa família rica e nem em berço de ouro, tudo na minha vida dá errado". Não é verdade. Falta perspectiva, energia para ir avante.
 Você, jovem, tem de buscar o que realmente quer, fazendo um planejamento de vida, dizendo "eu quero ser isso, eu quero fazer isso'. Eu tinha tudo para dar errado. Assumi uma casa com 6 irmãos, ainda uma criança. Diversas vezes, minha mãe teve de lavar roupas e, eu, de ajudá-la, passando, até altas horas [madrugadas]. No dia seguinte, dobrava e, na sequência, entregava para o proprietário e/ou proprietária. Por várias vezes, enchi um carrinho de mão de bananas e laranjas, indo ao Centro para vendê-las. 
Também trabalhei vigiando bicicletas na antiga Cobal (Companhia Brasileira de Alimentação), onde hoje funciona o Restaurante Popular, nas proximidades do Fórum Henrique de La Rocque, Centro. São momentos verdadeiros, que fizeram parte da minha vida. Hoje, conto tais momentos com muito orgulho. Muitas vezes, alguns colegas pedem para que eu não conte a minha história, já que a mesma pode não soar bem junto à opinião pública.
O dia que eu esquecer de meu passado, de minha origem, não será necessário eu ficar aqui na terra. Tenho orgulho de onde eu vim, onde estou e para aonde irei. Sou casado com a dona Ioneide, tenho duas filhas - Ramira e Sâmila - e três netos. Uma riqueza muito grande. Agradeço minha mãe por não ter voltado para sua terra, ter ficado em Imperatriz. Portanto, minha família é o meu maior patrimônio, além dos amigos feitos ao longo dos anos.

O PROGRESSO - Antes de ser empresário, você fez um pouco de tudo. Pode falar sobre suas atividades anteriores?

MARCONE MARQUES - Lembro de quando trabalhava na Serraria do "Seu" Ceará, na rua Pernambuco, e perguntava para ele, se podia chegar mais cedo. Lá, arramava os tacos, na época, usados na realização dos pisos de muitas casas. Com a aprovação dele, eu saia da rua Manaus, às 5h da madrugada. Antes das 6h da manhã, eu já estava na serraria, desenvolvendo minhas atividades. Para o almoço, levava a marmita, com arroz branco e ovo, quando tinha. Às vezes, era só o arroz com banana, o que eu comia. No horário das 11h30, todas as pessoas saíam, menos eu. Ficava. Almoçava e continuava com o meu serviço. 
Nos finais de semanas, recebia o salário. Por diversas, ganhei mais do que funcionários que estavam lá há anos, mostrando que tudo na vida tem de ser feito com determinação. Saía de lá às 18h, correndo, para casa. Muitas vezes, ia para a escola sem tomar banho. Narrei, aqui, um pouco de minha história. Um dia seria insuficiente para falar sobre a minha vida. 
Fui catador de lixo, carvoeiro, vendedor de bananas e de geladinho. Naquela época, muitos parques de diversões instalavam-se em nossa cidade. Minha mãe fazia doces de bananas, vendidos funcionando durante as noites. Eram em bandejas e tábuas de pirulitos. 
O dinheiro das vendas aumentava a renda de nossa casa. Já durante as tardes, saía para vender bolos de arroz, conhecidos por "orelhas de macacos". Portanto, a minha vida, a minha juventude, foi assim: de muito trabalho, pois tinha, além de minha, seis sem bocas. Ou seja, garantir alimentação para seis pessoas - os meus irmãos. 
Graças a Deus, consegui criar meus seis irmãos, com a minha mãe, com honestidade e dignidade. Além de tudo, a pessoa tem de ter garra, determinação, força e foco, saber o que quer. Hoje, agradeço ao Senhor Deus pela experiência de vida que tive. 
Fico triste, ao ver hoje, jovens lamentando, dizendo que não nasceram em famílias ricas. Antes, a pessoa tinha de sair de Imperatriz, procurar centros mais avançados para estudar, frequentar uma faculdade e, assim, formar-se na profissão tão sonhada. Alcançar a faculdade desejada.

O PROGRESSO - Os esforços, portanto, não foram em vão?

MARCONE MARQUES - De jeito nenhum. Trabalho é sinônimo de dignidade. Antes de a gente começar a entrevista, conservava com o Dema de Oliveira, repórter esportivo do Jornal O PROGRESSO, sobre o tempo que trabalhei no Clube Juçara, localizado no bairro de mesmo nome. Eu era office-boy. Fato ocorrido há 35 anos. 
Tenho orgulho de minha história, do meu passado, onde estive, onde estou e para aonde quero ir. A TOK BOLSAS é uma empresa 100% imperatrizense, consequência de meu trabalho, mas, sobretudo, o apoio de minha família, "minha coluna de sustentação, meu tudo". 
Encerrando faço questão de dizer, caso não fosse empresário: "Teria orgulho de   proprietário de uma banca, numa feira. Trabalharia da mesma forma, com orgulho, pois de lá estaria garantindo o sustento de minha família". Os valores da nossa TOK BOLSAS são formados pelo que destaco como de fundamental importância quarto - trabalho, diálogo, comprometimento, credibilidade e ética. "Somos uma equipe, um time".

O PROGRESSO - Suas considerações finais. Que mensagem deixa?

MARCONE MARQUES - Obrigado a Direção da TV PROGRESSO WEB, ao proprietário, Sergio Godinho, ao filho, Sérgio Henrique, e a equipe, colaboradores, trabalhando com afinco na cobertura do dia a dia de Imperatriz e região. Admiro O PROGRESSO (jornal há varios anos), sendo um leitor, a nossa referência em jornalismo impresso. Estão todos de parabéns! Muito obrigado pelo espaço e pela oportunidade de conversar com a nossa população e com o mundo, por meio da Internet! 

VEJA A ENTREVISTA ACESSANDO:
www.oprogresso.tv.br,  www.radioprogresso.net e www.webtv.oprogressonet.com 

(Entrevista produzida pelo jornalista Raimundo Primeiro)