Francimar Moreira

Em artigo publicado na Revista VEJA número 2501, o articulista Sérgio Lazzarini defendeu, com absoluta veemência, a seguinte tese:
— Apesar da controvérsia sobre a origem do termo LOBBY, isso não importa: o que importa mesmo é LOBBY PARA TODOS.                                                                                     

Ora, ora, que asneira. Jamais me preocupei com a origem da palavra “lobby”. O que sempre me causou curiosidade foi a essência do termo. Afinal, o que ele esconderia nos escaninhos dos orifícios em suas entranhas, para ser aceito pacificamente por todos os povos e culturas como algo possuidor de legitimidade, quando, tudo nele é obra de vício, achaque e falsidade?... 
É sabido que privilégios não existem “de per-si”, porém estão sempre relacionados a terceiras situações. No caso em tela, os terceiros são concorrentes que lutam, às vezes desesperadamente, por espaço, mínimo que venha ser, que lhes garanta permanecer e lutar por sobrevivência neste disputado mercado mundial, cada dia mais asfixiado por uma estúpida e irracional concorrência.
Em sendo assim, não há dúvida de que a ação do “lobbysta” é sempre no sentido de buscar benefícios, seja direta ou indiretamente, para quem ele presta serviços. De forma direta, ele consegue, por exemplo, elevar ou baixar os preços mínimos ou os máximos; nesse caso ele pode prejudicar a concorrência, o Estado e a população inteira de qualquer País, ou do mundo todo.
De forma indireta, basta convencer um concorrente a omitir-se do certame em disputa para prejudicar profundamente o interessado na concorrência e a própria comunidade a quem o serviço licitando se destinaria. É por isso mesmo que LOBBY, LOBBYSMO, LOBBYSTAS E LOBISOMEM, deveriam ser considerados foras da lei, para o bem do serviço público e felicidade geral de todos os povos.
Quanto à proposta de quarentena, para quem tenha antes exercido cargo no serviço público, e aspira a função de lobbysta, é na verdade, uma esdrúxula piada, ou uma coisa que precisa ser mais bem pensada, e com absoluta isenção e coragem moral. Até porque, na própria ideia de escalonar o período de quarentena de acordo com a função e o tempo que passou no serviço público, está implícito o potencial de traficância concebido.
Aliás, o próprio articulista da Veja reivindica que, quanto mais importante tenha sido o cargo exercido, maior seja o período de quarentena. Não percebe o autor que com esta afirmação está deixando implícito o reconhecimento da condição de tráfico.
Parece claro que, em seus meandros, a concepção de lobby e tráfico se confunde. E é uma verdade irrefutável: lobby e tráfico de influência é exatamente a mesma e única coisa — captação de privilégios através de meios ardilosos.
E é claro que o lobby tem, em sua essência, o caráter muambeiro, logo jamais poderia ser transformado em um instrumento democrático e tampouco - do ponto de vista intelectual ou moral – haver outra conclusão: LOBBY É TRAFICÂNCIA.
Assim sendo, pensar em lobby como ferramenta democrática e popular, estimulando conquistas sociais, é uma verdadeira heresia que, antes de outra coisa lhe daria outro nome: pressão popular, esta sim, um instrumento democrático poderoso, que contém em sua essência a seiva da força da mobilização do povo!

Que fique, pois, o nosso registro: lobby e tráfico de influência significam exatamente a mesma coisa e, jamais, estará a serviço de todos.