João Neto Franco

O mundo tem enfrentado forçadas transformações desde o momento em que o homem passou a viver em sociedade. Guerras por territórios, mantimentos e riquezas são as responsáveis por grande parte dessas alterações. Entretanto, a metamorfose de conhecimento proporcionada pelo advento da tecnologia não só levou a humanidade a um outro patamar, como também influenciou drasticamente o seu comportamento.
Os conflitos mundiais se tornaram mais letais, e faço essa consideração ao analisar a 1° Guerra Mundial que, motivada pela sede inconstante de conquista territorial, resultou na morte de mais de 10 milhões de civis e combatentes, além de 20 milhões de feridos. No entanto, não para por aí, a 2° Guerra Mundial, influenciada por ideologia e vingança, causou não só baixas, mas implantou xenofobias, preconceitos e injustiças. O mundo nunca vivenciou tanto luto como nesse evento, mais de 85 milhões de vidas perdidas em prol de ilusões.
Contudo, ainda vejo as crises biológicas sendo as mais nocivas ao modo de vida social e  econômico para os homens. A primeira delas gerou grande ferimento e até hoje sua cicatriz é vista com temor, a peste negra. Também chamada de peste bubônica, entre os anos 1347 e 1351, a epidemia levou em torno de 75 a 200 milhões de pessoas ao óbito, além de metade da população europeia. Evidente que as condições sanitárias ajudaram a alastrar a doença e, desde então, "o mundo nunca mais foi o mesmo".
Séculos depois, outra epidemia ganha destaque. Em 1918, o maior enigma da medicina mata mais de 100 milhões de pessoas somente em 8 meses. A gripe espanhola trouxe recessões econômicas e evidenciou patologias graves no sistema de saúde mundial.
Semelhante a rapidez de contágio dessa doença, 2019 presenciou um feito nunca antes visto em tamanha magnitude, a abrupta chegada do coronavírus. O poderio de contaminação da Covid-19 provocou duras e urgentes ações de governos país a fora. Muitos decretaram  lockdown e/ou quarentena na tentativa de amenizar o contágio, mas infelizmente não impediu a morte de 328 mil pessoas e mais de 5 milhões de casos até o momento.
A crise da Covid-19 atingiu o Brasil brutalmente, impondo medidas que possuem fortes impasses, sobretudo, porque provoca flagelos em áreas bases da nação, a saúde e a economia. É fato que a quarentena forçada no nosso país nos trouxe profundas mudanças de hábitos de consumo e costume. Nesse viés, observamos as constantes investidas dos campos públicos e privados para segurar os últimos fôlegos ditos "normais" da economia brasileira. Apostar na digitalização de empresas e em produtos/serviços de relevância socioambiental, especialmente em relação a proteção da saúde, têm sido as vias utilizadas no fito de retirar a economia da Unidade Intensiva de Tratamento (UTI).
É muito complicado afirmar com certeza o caminho deveras certo a ser adotado nesse momento, já estamos no terceiro mês de crise e, lamentavelmente, sem uma previsão de contenção total da pandemia. Ademais, é lastimável a profundidade dos efeitos provocados pela doença, 20 mil sonhos já foram perdidos, 310 mil já foram acometidos pelo corona, parte considerável dos brasileiros já não possuem mantimentos em casa e, segundo o IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), nosso país terminou o primeiro trimestre de 2020 com 1,2 milhão de pessoas a mais na fila de desemprego. Diante desse quadro, quanto mais busco entender a gravidade do que hoje vivenciamos, mais tenho a certeza de que nada será como antes e, principalmente, compreendo que enquanto tratarmos esse mal de forma política, mais distante estaremos de uma solução.
É chegada a "hora de cuidarmos da floresta e não só da árvore", de "florescer nitidamente nosso lado empático e humano". Vamos sobrepor essa barreira, mas somente se a ultrapassarmos juntos, como um só. Ouvir e ser escutado é o princípio elementar de um processo democrático. 
Estamos diante de uma crise em 4 dimensões, em que os valores se deturparam, a saúde se esvaiu, a economia enfrenta uma forte letargia e não sabemos em quem acreditar porque a política já não é a de cuidado total. Porém, não é o fim, nem tudo está perdido... o porquê? As crises acabam, elas não são perpétuas e existe a esperança, os laços de união que se criam em momentos de tempestade.
É por meio desses laços de empatia e solidariedade que venceremos essa fase tortuosa que nós brasileiros estamos a 83 dias. É criando um ambiente no qual se possa garantir maior entrosamento entre as esferas administrativas do país, que estabeleceremos novamente a confiança e a luz de tempos melhores. Tenhamos fé e perseverança, o caminho do futuro é cheio de imprevistos e novidades. Temos a tecnologia e inovação do nosso lado assim como, enquanto cidadãos desse majestoso Brasil, possuímos um coração disposto a ajudar, cuidar e gerar bondade para lutarmos juntos contra esse temporal chamado coronavírus. 
Eu, como empresário, engenheiro e educador que sou... Acredito na educação e ciência como elementos de transformação da humanidade, pois proporcionam avanços na qualidade de vida das pessoas. Creio também nos valores humanos e por isso tenho a esperança de que essa crise, após o seu fim, nos permitirá sairmos ainda mais fortalecidos e melhores seres humanos do que antes.
 Sinceramente, 

Prof e Eng. João Neto Franco