Hemerson Pinto
“A criança pediu ao Papai Noel o pai, que já morreu. Mais à frente ele pede um carrinho, dizendo que sabe que o papai não pode voltar”, relata a gerente da agência central dos Correios. A carta comovente foi uma das que mais emocionou os funcionários dos Correios de Imperatriz, enquanto organizavam as cartinhas escritas por crianças do município e de cidades vizinhas destinadas ao Papai Noel, incentivadas pela campanha ‘Papai Noel dos Correios’.
Quanto ao remetente, sabemos apenas que é um garoto, mas não tivemos acesso ao endereço nem ao nome do pequeno e esperançoso menino, que gostaria de ganhar no Natal a ‘ressurreição’ do pai, morto há algum tempo. A essa altura da campanha, a cartinha escrita com fé está misturada a milhares de outras em duas salas do Correios da Avenida Dorgival Pinheiro. Mas uma certeza alivia os corações de quem leu ou ouviu falar sobre o pedido especial de Natal: a carta foi adotada e o carrinho o menino vai ganhar.
Como a carta citada acima, outras também chamam a atenção dos funcionários dos Correios, que nessa época do ano se desdobram entre as atividades profissionais e a seleção de cartinhas enviadas ao ‘Papai Noel’ que não mora no Polo Norte, mas em Imperatriz e até em cidades vizinhas.
A funcionária pública do Estado do Tocantins, Neyb Mara, é um dos tantos ‘papais noéis’, de verdade, que existem e proporcionam esperança e realização de sonhos. Longe da fantasia, crianças que escreveram cartinhas ao bom (e cansado) velhinho e deixaram as cartas nos Correios de Imperatriz terão como retorno a visita ilustre de um funcionário vestido de papai noel, com o presente doado por um dos verdadeiros noéis.
“Isso deixa a gente feliz. Saber que estamos levando felicidade a essas crianças”, comenta Neyb Mara, que na manhã de ontem deixou os compromissos em São Miguel-TO, onde mora e trabalha, e veio a Imperatriz deixar os presentes. Participando pela primeira vez da campanha, Neyb adotou seis cartas, cinco eram de meninas.
Entre os presentes, um que chama atenção pelo tamanho: um velocípede. “A primeira vez que participo. Em outros anos fiquei interessada depois que uma amiga me falou da campanha. Este ano adotei cartinhas”, disse, não resistindo, e escolhendo outras após entregar os presentes da primeira adoção.
Elaine Cristina repete o gesto há quatro anos, desde que percebeu que poderia ser importante na vida de crianças que esperam o Natal, sonhando com o presente pedido na cartinha. “O que me faz adotar cartinhas é a carência de algumas crianças que não têm oportunidade de ganhar presentes”. Este ano ela disse que escolheria entre quatro ou cinco cartas, sempre aquelas que lhe comoverem durante a leitura. “Essas não têm como a gente não adotar”, diz a nutricionista.
Segundo a gerente da agência dos Correios da Avenida Dorgival, Adarlene de Oliveira, o ‘Papai Noel’ dos Correios já começou a trabalhar na entrega de presentes. As visitas aos pequenos remetentes serão intensificadas a partir do próximo final de semana. Até ontem, último dia para a entrega de cartas, a agência havia recebido aproximadamente 2.500 correspondências endereçadas ao Papai Noel. Número maior que o do ano passado, que registrou quase 2.000 cartas.
Enquanto o carteiro Anselmo, o Papai Noel dos Correios este ano, se prepara para a rotina de entregas, outros funcionários separam os endereços para facilitar a vida do ‘bom velhinho’. Os bairros com maior número de pedidos, segundo a organização da campanha, são Vila Macedo, Vila Vitória, Imigrantes, Bonsucesso e São José. A campanha Papai Noel dos Correios é realizada há 25 anos no Brasil.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14882
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