Setenta e quatro casos de abusos e exploração sexual contra crianças e adolescentes de 2 a 12 anos de idade foram registrados de janeiro a maio de 2014 no Centro de Referência Especializada de Assistência Social - CREAS. Comparada com o quantitativo de todo o ano de 2013, com 54 casos, a estimativa é considerada alarmante pela equipe técnica do CREAS.
Em virtude desses índices e em alusão ao 18 de Maio, a Secretaria de Desenvolvimento Social, por meio do CREAS, em parceria com os Conselhos Tutelares área I e II, Vara da Infância, Ministério Público, Centros de Referência de Assistência Social - CRAS, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA, Defensoria Pública, escolas da rede municipal e empresas privadas, realizou ontem (13) a abertura oficial da Semana de Combate e Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes em Imperatriz.
Com a presença do vice-prefeito Luiz Carlos Porto, da secretária de Desenvolvimento Social, Miriam Ribeiro, do juiz de Direito Delvan Tavares, do defensor público Fábio Carvalho, da promotora Raquel Chaves, foi realizada palestra sobre "O papel do Ministério Público na Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente", e apresentação das crianças do Coral Curumim e convidados.
Jucilene Oliveira, coordenadora do CREAS, enfatizou a importância da participação da comunidade na garantia de proteção da criança e do adolescente. "Nos casos de abuso e exploração sexual atendidos pelo CREAS, geralmente o agressor ou é o pai ou um vizinho da vítima, onde o crime acaba acontecendo no seio familiar. Por esse motivo, muitos crimes ficam sem denúncia, porque a própria mãe da vítima fica com receio de denunciar e perder o companheiro. É nesse momento que a comunidade se faz importante, seja no convívio escolar ou de amizades, tendo em vista que o comportamento da vítima muda. Nesses casos, a própria comunidade pode denunciar e nos ajudar a evitar que essa criança ou adolescente cresça com algum tipo de trauma".
Delvan Tavares, diretor do Fórum de Justiça de Imperatriz e atuante à frente da Vara da Infância, admite que para ele "a violência sexual contra a criança e o adolescente é a pior das agressões, porque quando a vítima não fica louca, fica quase louca, as características são basicamente as mesmas, sobretudo para as meninas. Os meninos, normalmente adultos, acabam se transformando em violentadores. Então, nós precisamos nos reunir, precisamos participar de atividades como essas e tantas outras para mostrarmos para a sociedade que existem pessoas que lutam por essa causa, porque se não, sairemos vencidos".
Miriam Ribeiro, titular da SEDES, parabenizou o empenho da equipe do CREAS, enfatizando a "importância de tratamento desses vulneráveis, na reinserção dessas vítimas na sociedade, realizando um trabalho de recuperação dessas crianças através de toda a assistência dos CRAS e abrigos. É uma causa que nós precisamos combater diariamente, porque é um risco que corremos dentro da própria casa".
A programação, aberta na segunda-feira (12) no CRAS da Coquelândia, é composta de ações com abordagem da temática "Diga não ao abuso e exploração: Isso pode ter fim, só depende de você", por meio de palestras em várias escolas e nos CRAS. O encerramento está marcado para o dia 16 de maio com realização de um pit-stop com panfletagem na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa.
18 de maio - A data se tornou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, devido ao crime bárbaro que chocou todo o país em 18 de maio de 1973. O crime ficou conhecido como o "Crime Araceli", onde uma menina de apenas 8 anos foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens de classe média alta da cidade de Vitória - ES. Tal crime, apesar da natureza hedionda, prescreveu impune. (Sara Ribeiro - ASCOM)
Publicado em Cidade na Edição Nº 15002
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