Geovana Carvalho
“Em novembro, dezembro e janeiro, eu entrava aqui oito horas e saía três da tarde com meus trezentos reais no bolso”, lembra Bethânia Sousa, referindo-se aos lucros garantidos - em anos anteriores - pelo intenso fluxo de viajantes que passavam pelo antigo terminal rodoviário.
A vendedora de comida, que há mais de vinte anos trabalha nos boxes vizinhos à antiga rodoviária, diz que as vendas caíram muito com o fechamento do terminal. Bethânia Sousa conta que o espaço que ocupa foi da avó, passou para a mãe e foi herdado por ela, porém a cozinheira afirma sentir dificuldades em continuar com o negócio. “Ninguém vende mais nada aqui, o pessoal das vans come aqui, e só! Não passo fome porque Deus não deixa faltar o pão, mas nós não temos outra renda. Já teve dias de a comida apodrecer e ter que jogar fora”, relata.
Segundo pessoas que trabalham no local, todos os vinte e dois boxes “vendiam” comida dia e noite, agora poucos permanecem abertos durante o dia. A maioria só abre à noite, atendendo, segundo as cozinheiras, quem volta dos movimentos noturnos.
A cozinheira Francisca Maria comenta que preparava quatro quilos de arroz por dia, hoje cozinha um quilo e ainda leva para casa: “Meu freguês era o viajante, e não tem mais, só alguns que moram aqui, que passam de vez em quando. Fico longe da parada de van, bem na última ponta, e então eles não vêm até aqui”.
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