Raimundo Primeiro

9h. Segunda-feira, 29 de junho. No meio da manhã, o corpo de Francisco Melo deixou a tenda montada na avenida Getúlio Vargas, em frente a banca de jornais e revistas de sua propriedade, local em que o velório aconteceu desde a noite de domingo, 28, em direção ao Cemitério Bom Jesus, no bairro Bom Jesus, onde foi enterrado.
Conhecido por Chico da Banca, o microempresário faleceu domingo, 28, na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), internado desde 10 de junho, após acidente de trânsito ocorrido na rua 15 de novembro, região da Beira-Rio (Cidade Velha).
Sob fortes emoções - familiares, amigos e pessoas (dos diversos lugares e segmentos) - se despediram de Chico da Banca. 
Cortejo conduzido pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Secretaria de Trânsito e Transportes do Município (Setran), seguiu pela rua Simplício Moreira, movimentando a região central da Grande Imperatriz. 
O último adeus ao homem que transformou a Praça de Fátima em um dos principais termômetros políticos do Maranhão, movimentou o logradouro desde o começo do velório.

Mensagens; partida lembrada

Mensagens de diversas autoridades (vindas de vários locais do país) foram enviadas. 
Em sua página, no Facebook, o senador Roberto Rocha, expressou: "foi com muita tristeza que recebi hoje a notícia da morte do amigo Francisco Melo, o Chico da Banca, como era mais conhecido em Imperatriz, cidade onde morava. Chico comandada a banca de revistas da Praça de Fátima desde a adolescência e, com o passar dos anos, tornou-se o 'Senadinho de Imperatriz'. Meus pêsames à sua esposa, à sua filha, e a toda a família por essa triste partida. Que Deus abençoe e console o coração de cada um de vocês".
Para Samuel Sousa, do Portal "Imperatriz Online", "Chico era um amigo próximo [...] Chico acompanhou todas as fases de minha vida. As boas e as ruins. Era conselheiro e confidente. O hábito da leitura foi motivado pelo nosso pai [...] Proporcionando conviver e crescer na Banca do Chico. Chico era jornaleiro e nosso pai jornalista. Eles se encontraram aqui nesse plano e, agora, eles vão se reencontrar na eterna memória do amor em nossos corações. Aos amigos e a família, meus sinceros e profundos sentimentos".

"Dar" informações, expressar opiniões....
De acordo com o jornalista Edmilson Sanches, Chico da Banca era o responsável pelo mais conhecido e mais movimentado ponto de venda de jornais, revistas e conveniências. "A uma banca de jornais e revistas pessoas comparecem para comprar informação. Em Imperatriz, à Banca do Chico muitos iam para "dar" informações, expressar opiniões, fazer gozações", reforça.
"No nome 'Banca do Chico' o mais importante era o Chico. A 'banca' era tão só o 'ponto', a referência. Quando os frequentadores mais assíduos pegavam alguma publicação (jornal, revista...) era por passageira curiosidade, ou para reforçar um argumento em uma conversa que acabara de 'pegar fogo' acerca de um assunto mais atual, com certeza político".

Sanches conta ter feito amizade com o Chico
da Banca na década de 1970. Recém-chegado a Imperatriz

Jornaleiros sempre foram servidores públicos - desde 1858, quando, no Brasil, escravos anunciavam as manchetes e títulos de matérias do "A "Atualidade", no Rio de Janeiro. "As bancas foram melhorando de material e de aparência e diversificando os produtos que vendiam. As bancas metálicas e fixas, como aquela que o Chico da Banca tanto se entregou e se integrou, a ponto de, com seu nome, ela ser ele e ele ser ela", complementa Sanches.

Uma segunda-feira diferente
O que se passava no meio político, principalmente, era comentado na banca. Sem o Chico, o local amanheceu diferente ontem. Entretanto, reunindo os principais nomes da cidade, além de populares, fazendo destacar o legado deixado por ele, durante os anos em que atuou, ressaltando a 'polis', cidade, morar no interior do homem que, com o seu jeito (suas inspirações), mostrou a grandeza do discutir democraticamente, mesmo divergindo.
Chico da Banca inovou até na partida. Morreu no domingo, dia em que a resenha tradicionalmente acontecia, reunindo os confrades e convidados, e foi enterrado na segunda-feira, data em que a cidade retoma suas atividades.