Hemerson Pinto
A cena marcante para a história de Imperatriz foi testemunhada pela imprensa, funcionários do aeroporto Renato Cortez Moreira, familiares das vítimas e curiosos que se agruparam aos arredores do muro no campo de pouso. Às 16h50 de ontem, o avião Vera Cruz, de prefixo PR-CFJ, tocou o solo imperatrizense trazendo os oito corpos dos maranhenses mortos no desabamento de uma obra em São Paulo, fato registrado às 8h30 da última terça-feira.
Antes, enquanto aguardavam a chegada das vítimas, familiares conversavam com jornalistas na área de desembarque do aeroporto. O ambiente triste e silencioso foi completado por lágrimas logo que o avião foi avistado sobrevoando o aeroporto. A esposa do ajudante de pedreiro Raimundo Oliveira da Silva, do povoado Bela Vista, município de São Miguel-TO, contou sobre o último contato com o marido.
“Ele ligou pra falar comigo e os meninos no mesmo dia em que morreu, umas 7h da manhã. Falou com as crianças e depois de falar comigo disse que ia desligar, pois estava na hora de ir para a obra. Depois ficamos sabendo da morte dele”, disse a dona de casa Maria do Céu. Com 14 anos de relacionamento, o casal teve seis filhos. O mais novo, apenas dois anos de idade.
Maria disse que o esposo estava há pouco tempo em São Paulo. Da primeira vez ficou por 1 mês e 15 dias em outra cidade. Afirmou que sentiu saudades da família e veio visitá-los em um dos intervalos de uma obra. Voltou, já para a obra onde aconteceu o acidente. Depois de dois meses, ganhou 15 dias de recesso. Veio novamente à Bela Vista, teria dito à mulher que não gostaria de voltar e acabou ficando por 20 dias no povoado. Há 11 dias Raimundo retornou ao trabalho.
O irmão de Leidiano Teixeira Barbosa mora em Brasília. Da capital federal soube da morte do irmão. Viajou a São Paulo para acompanhar o resgate dos corpos e afirma que até a chegada em Imperatriz nunca foi procurado por nenhum representante da empresa onde o parente trabalhava. “Omissão grande e grave. Outras familiares e eu ficamos sem nenhuma informação, a não ser do pessoal que trabalhava no resgate”, garante Wesley Teixeira Barbosa.
Leidiano está entre as quatro vítimas com naturalidades de Barra do Corda-MA. Ele deixou uma filha de oito aos de idade. Estava há 1 ano trabalhando na empresa em São Paulo. A última visita feita ao Maranhão foi há quatro meses.
A família do imperatrizense Raimundo Barbosa e Sousa, 38 anos, também compareceu ao aeroporto.
Os corpos transladados para Imperatriz traziam as identificações de:
Marcelo de Sousa Rodrigues (22 anos), Leidiano Teixeira Barbosa (27 anos), Ocirlan Costa e Silva (19 anos) e Antônio Carlos Carneiro Muniz (36 anos), de Barra do Corda. De Bela Vista, Raimundo Oliveira da Silva (29 anos). De Imperatriz, Felipe Pereira dos Santos (20 anos) e Raimundo Barbosa de Sousa (38 anos). José Ribamar Soares do Nascimento (20 anos) não teve a naturalidade informada.
A Infraero disponibilizou uma viatura para transportar os jornalistas do portão do aeroporto até a pista onde os corpos eram retirados do avião e colocados em cinco veículos de uma empresa funerária da cidade. A mesma empresa realizou os últimos procedimentos nos corpos e cerca de 1 hora depois fez as liberações. Primeiro os dois de Imperatriz. A proprietária da empresa informou que ainda na noite de ontem faria o translado dos corpos para as cidades de Barra do Corda, Caxias e ao povoado Bela Vista.
O piloto do avião informou que decolou às 9h da cidade paulista de Jundiaí. O voo demorou 6h e 30 minutos, com uma parada em Palmas-TO, para abastecimento.
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