Hemerson Pinto
A informação foi revelada por um irmão de um operário, durante coletiva de imprensa realizada por uma associação de parentes das vítimas, onde foram anunciadas ações de mais de R$ 5 milhões contra responsáveis pela obra. O corpo de Leidiano Teixeira Barbosa, 27 anos, teria sido entregue incompleto para a família, em Barra do Corda. O jovem estava entre os mortos no desabamento de um prédio em São Mateus – SP, no dia 27 de agosto deste ano.
Emocionado, Wesley disse que ao chegar à cidade natal com o caixão, levando o irmão para o velório, resolveu abrir a urna. “... da cintura pra baixo [do corpo de Leidiano] só tinha papel picado. Sabe o que é isso? É humilhação. Não se faz isso nem com cachorro”, desabafou durante a entrevista.
O irmão de Leidiano lembrou os sonhos frustrados dos maranhenses que deixaram as famílias na esperança de voltar e proporcionar uma vida mais confortável. “Ali não foi acidente. Aquilo ali foi uma arapuca, pessoas que só pensavam no próprio benefício e não nas vítimas. Pessoas deixaram filhos, família inteira lá e eles não pensaram neles, só pensaram em enriquecer. Se tivessem dignidade, a partir do momento em que embargaram a obra, eles deveriam ter dito que não havia condições de ficar ali. É o que me indigna. Lá tinha seres humanos. Algum encarregado ou engenheiro morreu? Não, porque eles sabiam dos riscos”.
O advogado da Associação de Proteção e Assistência às Vítimas do Desabamento de São Mateus, Ademar Gomes, disse em entrevista ao portal R7 que iria pedir explicações ao Instituto Médico Legal. A Secretaria de Segurança Pública teria afirmado que todos os corpos foram entregues inteiros ao IML Central, onde foram fotografados, e saíram inteiros da unidade. (Com informações: Thiago de Araújo/R7)
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