Para Genivaldo Carvalho, mulheres cuidam mais da própria saúde que homens

Em entrevista exclusiva, concedida na última segunda-feira, o coordenador do Programa de Saúde do Homem de Imperatriz, Genivaldo Carvalho Moraes, falou sobre um grave problema de Saúde Pública: a vergonha na hora de buscar atendimento. A coordenação da Saúde do Homem funciona na avenida Getúlio Vargas e o atendimento direto, na Unidade de Saúde dos Três Poderes.
Muitas mortes e agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta a sobrecarga financeira da sociedade e, também, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas.
“Essa política parte da constatação de que os homens, por uma série de questões culturais e educacionais, só procuram o serviço de saúde quando perdem sua capacidade de trabalho. Com isso, perde-se um tempo precioso de diagnóstico precoce ou de prevenção, já que chegam ao serviço de saúde em situações limite. Em geral, os homens têm medo de descobrir que estão doentes e acham que nunca vão adoecer, por isso não se cuidam. Não procuram os serviços de saúde e são menos sensíveis às políticas”, afirma Genivaldo Moraes.
A Política Nacional de Saúde do Homem tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial.
O trabalho de Genivaldo Moraes como coordenador do Programa de Saúde do Homem é tentar educar o público masculino para que eles tenham mais cuidado com a própria saúde para que procurem a Unidade de Saúde para prestar os atendimentos preliminares na identificação dos agravos na saúde do homem. “Isso dificulta muito o trabalho dos profissionais, mas com orientação, com educação e com trabalho nas empresas, nas indústrias, na construção civil, a gente está tentando mudar este quadro para tentar trazer o público masculino para as unidades de saúde e para os Três Poderes, onde funciona o Núcleo de Urologia. É um trabalho de formiguinha. Mas nós estamos trabalhando para que os homens se conscientizem que uma procura, uma identificação preventiva é de suma importância para ajudar na sua saúde”, afirma Genivaldo Moraes.
Preconceito - Segundo Genivaldo Moraes, hoje, o maior tabu está no preconceito. Muitos homens não procuram o atendimento pensando que vão passar por um exame, como o de próstata. Há um preconceito com relação ao exame de câncer de próstata. “Temos que entender que não há diagnóstico sem exame, não há prevenção sem exame”, afirma. Estão disponibilizados pela Secretaria de Saúde de Imperatriz os exames de sangue, de PSA, o ultrassom da próstata, o toque retal que é ainda hoje o exame que vai identificar a consistência da próstata e seu estado real.
“Hoje não há que se falar em preconceito nem em tabu”, afirma Genivaldo Moraes. Segundo ele, “o exame é indolor, não provoca marca ou mancha na pessoa. Ela pode realizar com paciência e tranquilidade que o médico está lá para orientar o homem que tem o problema ou identificou alguma coisa, tal como dificuldade em urinar, sangue na urina, dor no ato de urinar. É preciso procurar o urologista ou a equipe da coordenação da Saúde do Homem para que o paciente seja encaminhado para um especialista”.
A demanda hoje é muito grande para o pequeno número de urologistas disponíveis em Imperatriz. Esta é uma realidade da medicina na cidade. O Programa de Saúde do Homem foi criado exatamente para isso. Entretanto, grande parte da não adesão às medidas de atenção integral, por parte do homem, decorre das variáveis culturais. A doença é considerada como um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais às situações de risco. A isto se acresce o fato de que o indivíduo tem medo que o médico descubra que algo vai mal com a sua saúde, o que põe em risco sua crença de invulnerabilidade. Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.
Estatísticas do atendimento
São cerca de 20 atendimentos diários feitos pelos sete urologistas na Unidade de Saúde dos Três Poderes. Já na coordenação de Saúde do Homem, são atendidos de 10 a 15 pacientes todos os dias, que são encaminhados para o Três Poderes, tratados como prioritários. “Ainda é um público pequeno em relação ao número de homens de Imperatriz, que representam um percentual de 42% da população total.
O câncer da próstata é uma doença que geralmente apresenta evolução muito lenta, de modo que a mortalidade poderá ser evitada quando o processo é diagnosticado e tratado com precocidade. (Comunicação)