Aponta sempre uma prosa, 
De tudo certa porção: 
Arte, política, nota, 
Pileque, vida, canção ... 
Birra gelada e farofa 
Pra cativar o irmão. 

O Mauro tá na gestão, 
Assim sereno é seu trato, 
Ele desata o portão, 
Cenário mui caprichado ... 
Põe mesa mais guardanapo, 
Tem pinga atrás do balcão!

Amostra o Nélson a matéria 
Enquanto entorna bom vinho, 
Destaca eventos da terra ... 
A olhar por cima dos óculos 
Atiça Sérgio Godinho, 
Então prossegue o negócio ...

O da pesada apresenta, 
Sob chapéu esticado, 
Aquela velha resenha 
Que nunca dorme no ato, 
Diz olha aqui, meu irmão ... 
Sou Zé de Sousa Leão!

E toca o Pedro violão, 
Derrama verso robusto, 
Dispara Pholhas, João, 
Flávio José, Ataulfo ... 
E na cadência formosa 
Do Adoniran, Noel Rosa ... 

Vai Lampião de Mortinho, 
O Francinílson-uma pena-
Balança bem miudinho ... 
Lucena lembra uma cena, 
Por isso ri, pede bis ... 
O Lima diz um poema! 

Viaja em La Barca o Oliveira, 
Histórias mil, ida e volta, 
Suspira alto o parceiro ... 
Marcelo dança Bee Gees 
Naquele passo Travo/ta, 
O outro ligeiro condiz!

Pinta Luiz, Zé Ramalho, 
Arrasta-pé coisa e talo ...
O Gílson cita o trabalho 
Do cantador Dorgival, 
O Coló pede uma boa, 
O festival nem destoa.

Toinho evoca Os Incriveis, 
As aventuras de então, 
Roberto Carlos, The Fevers ... 
Canta Iracema o Brandão, 
Ao som do pinho querido 
Tira do peito um refrão.

Pra serenata bem-vinda 
Um brinde faz o Olimpinho, 
Marquinhos já pela quinta, 
Ajeita outra o Nelsinho ... 
Aí o Beto sugere 
De Pink Floyd a Elizeth! ...

Só rola samba de bamba, 
Não falta rock e bolero 
Nesse boteco do Olímpio ... 
Forrobodó corre lindo 
Da percussão do Lelé, 
Deixa vibrante o recinto

Estampa seu panorama 
O discorrer do Carlinhos, 
Desfia um tanto essa trama 
Que é cheia de ocos santinhos ... 
E o lero gira na roda 
Vestindo a trilha sonora!

A espuma beija um dourado 
Que lá do copo reluz, 
Sai tira-gosto arretado: 
O mestre-cuca produz! 
Uma iguaria da hora 
Não fica mesmo de fora ... 

Daí -por trás dum bigode-
Fala que fala o Alair,
Mistura mel, Dom Quixote,
Minas aqui, Luz ali ...
Tempera o ILLya esse mote
Rememorando Darcy.

O timbre avança animado,
Alifran-tão claro-fia 
Discurso em nome dum fato ...
Ainda o Deco anuncia 
Aquele toque acertado, 
Também a Lena Garcia! 

Desse benquisto barato
Élson perfaz o retrato,
O festim fica evidente
Entre gargalos e pratos,
É a boemia da gente
Memorizada nos quadros ... 

Birra gelada e farofa
Pra receber o irmão,
Logo desponta uma prosa,
De tudo certa porção:
Arte, política, nota,
Pileque, vida, canção ...

Augusto Bandeira