A revolução industrial trouxe a urbanização e, como consequência, o êxodo rural. Comunidades sem infraestrutura multiplicam-se nas grandes cidades, com ocupação desordenada de terrenos, normalmente em sítios propícios à fácil degradação ambiental, tornando-se áreas de risco, insalubres e violentas.
O vazio do Estado é ocupado por agentes do crime que passam a ter forte influência na população.
Sun Tzu, há 2500 anos, nos ensina: “Quem chegar primeiro ao campo de batalha e esperar a chegada do inimigo estará em posição vantajosa; quem o atingir depois e tiver de precipitar-se para o combate, já estará em desvantagem”.
No Rio de Janeiro, as comunidades carentes têm a especificidade de não possuírem apartheid do ambiente, ou seja, todos convivem no mesmo espaço por razões geográficas.
A repressão criminal, antes de atacar determinada comunidade que serve de área de homizio aos criminosos, deve verificar as vantagens e as desvantagens do empreendimento. Nos conflitos urbanos, as grandes baixas ocorrem na população, e não entre os oponentes, acarretando imagem altamente negativa das forças repressoras.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro já mostrou a estratégia que deve ser empregada no enfrentamento à criminalidade em área urbana. Quando em 2007, “Marcelo PQD” e seus comparsas foram presos. Distanciou-se da estratégia do atrito de Carl Von Clausewitz e aproximou-se da estratégia da ação indireta, com intenso uso de tecnologia de informação na atividade de Inteligência, sigilo, discrição, pequeno efetivo com grupos capacitados, ágeis, motivados, equipados e armados adequadamente.
O desequilíbrio do poder de combate nos conflitos urbanos de baixa intensidade não se realiza com grandes efetivos e forte proteção blindada, e sim pela forma que a Polícia Civil realizou e também muito bem articulada com a Polícia Militar naquele ano.
O apoio da população é fundamental e imprescindível para qualquer ação repressiva em área urbana, assim como a água está para o peixe.
Nas comunidades carentes, a grande maioria da população é constituída de pessoas honestas e corretas, obrigadas, pelas circunstâncias, a conviverem com marginais em ambiente de completa insegurança. Eis aí mais uma razão para o “disque-denúncia” ser estimulado, bem remunerado e continuar com seu sigilo amplamente garantido.
Nos conflitos urbanos, de baixa intensidade, as operações de Inteligência são muito mais eficazes do que as ações repressivas de grande porte. Aliás, hoje a máxima “Intelligence Drives Operation” está sendo substituída por “Intelligence is Operations”.
É o que a História nos ensina!

DIÓGENES Dantas Filho é Coronel R1 do Exército Brasileiro, Doutor em Planejamento e Estudos Militares, Forças Especiais, Consultor de Segurança, Cidadão Imperatrizense e Ex-Comandante do 50º Batalhão de Infantaria de Selva (50º BIS).