Hemerson Pinto
“A gente tem medo de deixar a moto estacionada em um local e não encontrá-la quando voltar. É o que vemos ultimamente acontecer. Não se sabe como, mas eles (bandidos) têm muita facilidade em levar uma moto sem chamar atenção. Ninguém observa nenhum movimento estranho, são ladrões que agem discretamente”, comenta a auxiliar administrativa Camila dos Reis.
Jailson da Cruz é entregador durante o dia. Trabalho no caminhão da empresa. Morador do Parque São José, sai de casa todos os dias por volta de 6h30. Às 7h está na garagem da distribuidora de bebidas assumindo a função. A volta do trabalho acontece sempre entre 19h e 19h30.
“O horário que eu fico mais tranquilo com a minha moto é quando estou no trabalho, porque sei que ela está segura dentro da empresa. Na ida para o serviço e volta para casa, tenho medo de a qualquer momento ser interceptado por bandidos. Os caras não estão perdoando. Tenho uma prima que tomaram a moto dela e ainda a chamaram de vadia e vagabunda. É muito ruim um trabalhador ouvir isso de um bandido”, desabafa.
Camila e Jailson aceitaram conversar com o O PROGRESSO desde que não tivessem suas imagens divulgadas. Os dois nunca foram vítimas de assalto, mesmo assim têm medo até de falar sobre o assunto.
Os roubos e furtos de motos em Imperatriz não têm horário nem dia para acontecer. À luz do dia os bandidos não pensam duas vezes antes de agir. A Avenida Getúlio Vargas, movimentada, principalmente no período que antecede o Natal, devido ao aumento no fluxo de consumidores, tem sido palco de ações marginais que resultam em motos que ‘desaparecem’ do nada.
Em frente a uma loja de departamentos um funcionário (que trabalha no local) deixou a motocicleta estacionada às 15h. Às 20h, retornou para pegar o veículo, que já não estava aonde foi deixado. “Ninguém viu, ninguém diz nada, as câmeras na frente da loja não ajudaram. Fiquei no prejuízo”, comentou.
Em imagens divulgadas desde o início da semana em programas locais de TV e nas redes sociais, ficou clara a ação de um bandido que em menos de dois minutos conseguiu furtar uma Tornado de cor amarela na Rua Bahia, Entrocamento. O marginal agiu sozinho. Passou uma vez no local, retornou e logo foi até o veículo e movimentou o guidão, como se conseguisse destravá-lo. Saiu de perto para disfarçar e observar o ambiente. Em menos de 1 minuto voltou, com um capacete na cabeça, montou na moto e saiu como se fosse o dono.
No vídeo divulgado ficou clara a ação do bandido, mas o rosto foi camuflado pela qualidade ruim das imagens. A vítima divulgou toda a ação da pessoa que furtou sua motocicleta, e dois dias depois um jovem de 23 anos foi preso sob a suspeita de ser o autor de pelo menos dois furtos a motocicletas na área central comercial de Imperatriz. Com ele a Polícia Civil encontrou um revólver, por isso ele foi autuado. Resta confirmar se o homem preso é o responsável pelos crimes.
“Quero pedir mais empenho da polícia para prender esses elementos que andam dando prejuízos para nós que somos trabalhadores. Corremos risco de morrer se não quisermos deixar esses covardes, que se acham mais homens que os outros porque andam armados, nos roubarem. Nós trabalhadores é que estamos presos, pelo medo de ir à casa da namorada, de buscar a esposa no serviço, de deixar o filho na escola usando uma moto. Vai ficar assim. Não existe quem consiga dar um basta nisso?”, questiona o proprietário de uma moto roubada no último sábado.
O tipo de crime que parece predominar em Imperatriz (cidade polo da região, até mesmo em ações criminosas) acontece nas cidades vizinhas. Na noite da última terça-feira, um homem chegava em casa no bairro Mutirão, em João Lisboa. Dois bandidos o ‘fecharam’ com uma moto, empunharam a arma na direção da cabeça da vítima, engatilharam e ameaçaram atirar se não entregasse a moto rapidamente. “Fiquei sem ação, trêmulo, com medo de morrer”. Foi mais um caso onde o veículo levado não foi encontrado.
Outro caso aconteceu com um mototaxista, há pouco mais de duas semanas. Ele deixou a moto com a chave na ignição e entrou em um estabelecimento comercial. Em poucos minutos retornou e a moto amarela não estava no lugar. A câmera de uma loja ao lado flagrou a ação do ladrão, que abandonou a moto no dia seguinte.
Na manhã de ontem, enquanto finalizávamos esta matéria, recebemos uma mensagem via whatsapp com informação de que no decorrer desta semana, no povoado Bananal, município de Governador Edison Lobão, três motos foram tomadas de assalto. Pelo menos uma (nossa reportagem teve acesso minutos depois do ocorrido) foi abandonada pelo assaltante.
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