Domingos Cezar
Foi sepultado no cemitério Campo da Saudade, no fim da tarde dessa quinta-feira (15), o corpo do músico, cantor e compositor Raimundo Nunes da Luz Ferreira, o Neném Bragança, 55, falecido na madrugada do mesmo dia. Uma forte comoção tomou conta das pessoas, principalmente da classe artística, que tinha o artista como um excelente amigo e companheiro.
Neném Bragança há cerca de um ano lutava contra um câncer no céu da boca, que pouco a pouco foi roubando a possante voz do cantor que se notabilizou por interpretar músicas de cantores como Fagner e Zé Ramalho. O artista também se destacou como o maior vencedor de festivais de toda a região Norte e Nordeste do país, ganhando a admiração e o respeito de todos os artistas que participam desses festivais.
Desde que foi diagnosticado o câncer, Neném Bragança recebeu a solidariedade dos amigos, sendo que os empresários Rogério Frota e Fernando Sarney o encaminharam para Brasília, onde esteve em intenso tratamento. Depois, o artista foi transferido para São Paulo, onde fez novo tratamento em clínica especializada. Apesar do esforço dos médicos, nada deteve a doença que o levou à morte.
No dia 17 de dezembro, ele retornou para Imperatriz, onde passou a fazer um tratamento alternativo, mas que também não obteve o resultado desejado. Nos três últimos dias, o estado de saúde piorou e ele foi encaminhado para o Hospital Municipal de Imperatriz, sendo instalado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde veio a entrar em óbito na madrugada dessa quinta-feira.
No dia anterior, em uma reunião realizada na Fundação Cultural de Imperatriz – FCI, para tratar de assuntos ligados à cultura e ao carnaval, o coordenador de cultura Zeca Tocantins, parceiro há mais de 30 anos de Neném Bragança, desabafou: “Não temos mais esperança, porque somente um milagre pode salvar nosso parceiro”, afirmou.
A propósito, “Milagres” é o título do CD e DVD produzido pelo músico e arranjador Chiquinho França, lançado no último dia 16 de dezembro em Imperatriz, com o objetivo de arrecadar recursos para o tratamento e manutenção da família do cantor. A música “Milagres” é de autoria de Erasmo Dibel e foi interpretada pelo próprio Neném Bragança, que já estava perdendo a voz.
As músicas interpretadas por Neném Bragança foram tocadas durante todo o dia no velório, que ocorreu nas dependências da Igreja Santa Teresa D’Ávila, onde também foi celebrada a missa de corpo presente, uma vez que a família do cantor tem tradição católica. Artistas, autoridades, profissionais liberais, gente do povo compareceu ao velório, à missa e ao sepultamento, marcado pelo choro e emoção.
Todos os artistas de Imperatriz compareceram ao velório e ficaram ao lado de Carmem, a esposa, e os dois filhos do cantor. De Marabá (PA) vieram os cantores Clauber Martins e Javier di Mar-y-abá, autor da música “Ave de Arribação”, que estourou na voz de Bragança em disco gravado nos anos 90. Também compareceram os parceiros Chiquinho França, de São Luís, e o poeta/cantador Marcos Lucena, de Grajaú.
Durante todo o dia dessa quinta-feira, a programação das rádios Mirante FM, Terra FM e Nativa FM foi dedicada ao artista. A música Milagres, cuja letra apelava a Deus para que ele pudesse ter mais alguns anos de vida, composta especialmente por Erasmo Dibel, foi a mais executada. A canção Ave de Arribação também foi bastante executada nas programações radiofônicas de Imperatriz.
Perfil – O prefeito Sebastião Madeira, que passou boa parte do tempo da manhã no velório, lamentou a morte do artista que levava o nome de Imperatriz para os grandes festivais desse país. Para Madeira, o cantor Neném Bragança tinha uma voz que irradiava alegria e contagiava a todos. “Certamente será um modelo e inspiração para a nova geração de artistas de nossa terra”, afirmou Madeira.
Amigo de longas datas do artista, o presidente da Câmara Municipal de Imperatriz, José Carlos Soares, disse que Imperatriz perdeu o “papador de festivais”, como era tratado Neném Bragança, por ter sido o maior vencedor de festivais de música. “Sempre colaborei para o Neném viajar para participar de festivais porque sabia que ele ia ganhar algum prêmio”, lembrou Zé Carlos.
Para o presidente da Fundação Cultural de Imperatriz – FCI, Lucena Filho, a morte de Bragança não foi uma perda apenas para a cultura da cidade. “Ele era o nosso embaixador que bem representava Imperatriz nos grandes festivais”. O coordenador de cultura da FCI, Zeca Tocantins, foi incisivo: “Perdi não apenas um grande e fiel parceiro, perdi um irmão”, lamentou Zeca Tocantins.
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