Draga extraindo areia nas proximidades da Praia do Meio

Domingos Cezar

Membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAM), sob a liderança da presidente, bióloga Ivanice Cândido Falcão Almeida estiveram reunidos com proprietários de empresas que extraem areia e seixo das profundezas do rio Tocantins. Também participaram da reunião, representantes da Marinha do Brasil e da empresa Suzano Papel e Celulose. Pauta principal: buscar um entendimento com os empresários do setor, de forma que eles possam explorar o recurso natural, mas sem causar tanto impacto ambiental como vem acontecendo atualmente.
Para a presidente Ivanice Cândido, bem como os engenheiros Luciano Davanso Pechoto e Luís Salani, ambos membros do COMMAM, a cidade de Imperatriz encontra-se em franco desenvolvimento, tendo como carro chefe o setor da construção civil. Eles justificam que a areia e seixo são elementos básicos de toda construção, razão porque não se pode deixar de extraí-los. “O que precisamos é encontrar uma maneira de explorá-los de maneira sustentável, de forma que não cause os impactos ambientais constatados, desde a extração, armazenamento e transporte”, observou a presidente.
Dentro desse aspecto, Ivanice Cândido mandou exibir um vídeo com entrevistas de pessoas reclamando que a areia é transportada por caminhões que derramam parte do material no meio da rua, que imediatamente se transforma em poeira causando problemas de saúde às pessoas. A presidente também se valeu de depoimento do ambientalista Domingos Cezar o qual sugere que as dragas sejam deslocadas das margens para o leito do rio, que segundo ele, é a única forma de que não acelere o assoreamento do rio e as pessoas possam trabalhar sem agredir a natureza.
Os empresários presentes à reunião, concordaram de imediato em providenciar lonas ou outros meios para que a areia não mais fosse derramada nas ruas quando fossem transportadas. Também prometeram tratar de regularizar situações pendentes junto à agência fluvial da Marinha do Brasil. Eles também concordaram de reunir-se com uma comissão de membros do COMMAM que realizarão um estudo profundo da situação visando regularizar, principalmente, a extração da areia bem mais afastado das praias e das margens do rio.
A presidente Ivanice Cândido designou para esta comissão os engenheiros Luís Salani (Associação Comercial e Industrial de Imperatriz-ACII), Luciano Davanso (CREA), professor Paulo Roberto (Universidade Federal do Maranhão-UFMA), a bióloga Janaíres Cazais (Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente-SEPLUMA) e o ambientalista Domingos Cezar (Fundação Rio Tocantins). Deverá integrar a comissão um (a) representante da Universidade Estadual do Maranhão-UEMA), que também integra o Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Legislação e regularização - Representando a agência fluvial da Marinha do Brasil, o suboficial Domingos Passos disse que o assunto em voga é de interesse da Marinha, uma vez que o transporte da areia e seixo é feito, inicialmente, numa draga, espécie de um barco fluvial. Ele observou que diante desta situação, a Marinha do Brasil fica condicionada a outros órgãos que tem competência de legislar. Ele lembrou que a Marinha visitou alguns pontos de retirada e de desembarque do material, onde constatou várias pendências por parte de algumas empresas exploradoras desse material básico da construção civil.
Domingos Passos afirmou que essas empresas extraem areia com fim comercial, “mas eles não estão cuidando de algumas pendências, além do que precisam ter mais compromisso com as questões sociais e ambientais”, criticou. O suboficial observou que a Marinha encontra-se na expectativa dessa legislação a ser criada, lembrando ainda que “os rios federais, a exemplo do Tocantins, tem legislação federal, mas o município pode e deve ter sua própria legislação”, orientou.
Floresta Viva - Em seguida a presidente do COMMAM, Ivanice Cândido, facultou a palavra para o engenheiro Dalton Henrique Ângelo, supervisor de Meio Ambiente, da Suzano Papel e Celulose, que compareceu à reunião ordinária do Conselho para falar do lançamento da campanha Floresta Viva, que a empresa vem realizando em conjunto com as brigadas de incêndio dos estados do Maranhão e Tocantins, nas áreas de abrangência da empresa.
Dalton Ângelo falou da preocupação da empresa com as queimadas que se intensificam nesta região a partir do mês de agosto. A empresa possui milhares de hectares de florestas de eucaliptos, cujas árvores precisam ser preservadas das ações dos incêndios. “É claro que nos preocupamos com as florestas da empresa, mas nossa preocupação se estende também à floresta nativa, aos campos, aos pastos, enfim, a todo conjunto da natureza”, afirmou Ângelo, observando que também faz parte dessa campanha o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama).